De repente estamos todos perdidos dentro de casa. Nossa rotina diária, de levar meninos à escola, de ir e voltar do trabalho, de ir para a faculdade, foi quebrada. Nosso tão conhecido, acelerado e desgastante ritmo de vida foi interrompido.

O que fazemos agora? Conciliar o trabalho em casa com as demandas pessoais se tornou um desafio. Estudantes com aulas suspensas ou com aulas virtuais começam a se perguntar: por onde começo? Questões que nos rodeiam em tempos da pandemia do coronavírus.

Talvez, a principal reflexão esteja ligada ao tempo de contato com nossos familiares mais próximos, contato que andava meio ausente nos últimos tempos. O exercício da convivência, neste caso compulsória, pode nos ensinar muito. A começar pelo olhar ao outro de uma maneira que até então não fazíamos. Que tal apenas tomar um chá, um café com pão de queijo e promover uma conversa saudável? Para que a conversa flua, é preciso aprender mais a ouvir do que falar.

Outro ponto é a quantidade e a qualidade de informações às quais estamos sendo submetidos nesse momento. As redes sociais e a mídia tradicional fervilham conteúdos sobre o assunto. É importante se informar, não dar espaço às fake news e lembrar que o excesso de conteúdo pode se tornar um problema, sendo fonte de estresse.

Esse é o momento de buscarmos o meio-termo e sermos criativos. Vale assistir a filmes diferentes ou desengavetar diversões antigas, como jogos de baralhos ou tabuleiros. O importante é que a escolha seja em conjunto, forma interessante de exercitar a democracia, tão fragilizada nos tempos atuais. Que tal ir para a cozinha fazer um bolo, uma torta, com a sua família? Poderemos descobrir talentos, até mesmo entre as crianças. E se não sair como pretendíamos, valeram a experiência, os risos e as trocas.

E para o respiro na convivência, vale o tempo sozinho. Aprendemos a respeitar o espaço e o tempo do outro. Podemos definir os horários para isso e nos dedicar às tarefas do home office, antecipar os trabalhos de aula ou ler aquele livro que está parado na prateleira. Ele pode ser um convite para o sossego e para uma deliciosa viagem no tempo e no espaço.

Momentos adversos de Covid-19 nos ensinam sobre nós mesmos e o quanto o outro é importante em nossa vida. O amor exige cuidado, atenção, dedicação e respeito. Com mais calma, podemos aprender sobre a nossa humanidade, que andava perdida nos ritmos do consumo, do capitalismo e da falta de tempo. Bom, agora temos tempo.