Há uma atração televisiva que, se dantes era aguardada para uma atualização de nossas informações diárias como fonte confiável, hoje é evitada. E por várias razões. Um informativo deve ser, primeiramente, veraz, comparável às informações gerais de outras emissoras, pois a opinião é formada pelo ouvinte, e não pelo órgão, quando ele não tiver natureza ou característica opinativa.

Hoje, esse informativo não desperta mais o interesse de outrora, ao contrário, é trocado por alternativa que possua uma apresentação mais branda, sem tiroteios. Diz-se agressiva porque a bancada de locutores não transmite informação tecnicamente aceitável, é visivelmente tendenciosa e verbaliza o noticiário com encenação dramática, patética, às vezes infamante.

Quando há um princípio de informação que aparentemente pode servir ao governo, a locução é sempre adversativa, finalizando a bancada com um testemunho ou uma nova informação orientando o fato para uma interpretação desfavorável ao Planalto. É assim que se constrói a desinformação, o que não interessa ao público espectador, que, ao contrário do que julga a emissora, tem discernimento ou é sensível o bastante para entender que o interesse do jornal não é a informação.

Opinião mais ilustrativa que corre impiedosamente pela internet exibe o telespectador temeroso que, ao anúncio do “Jornal Nacional”, apressadamente se previne de algo que possa defendê-lo do corona, já agora dentro de casa, coloca sua máscara, veste seu capacete e cobre-se de capa plástica capaz de torná-lo imune ao agente transmissor (eletrônico), que não é, já pela insistência assustadora do jornalismo exagerado, uma ameaça, mas um ataque imediato. A cena é risível.

Quando a emissora troca o conteúdo, passa a ilustrar e relatar o caso Moro, que não se despediu ainda do noticiário. Será possível que num país de 8,5 milhões quilômetros quadrados e com 210 milhões de habitantes não há outro assunto ou informação de interesse da sociedade que não o coronavírus e Moro? Não há uma informação ou um editorial que provoque otimismo ou o entusiasmo da população e a faça erguer-se de um período longo de desagradáveis mesmices?

A se crer que o vírus deva ser monitorado a todo instante, será que o Moro, verdadeiramente um capiau dos Pampas, não pronuncia bem as palavras e, como dizia Paulo Henrique Amorim, não sabe verbalizar com elegância frases e raciocínios, é justificadamente assunto ininterrupto da alvorada à noite?

Os brasileiros se encontram em um nível cultural ou de conhecimento ainda insuficiente e com certeza, em um telejornal que faltem elementos informativos mais valorizados poderiam transmitir informações geofísicas de nosso Brasil, este sim, um gigante ainda adormecido.