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Opinião

Startups: via para a competitividade em MG

Publicado em: Sáb, 25/06/22 - 03h00

Quando se fala em inovação, ainda há quem torça o nariz ou que imagine algo com muito custo e zero rentabilidade. Felizmente, esse preconceito vem sendo superado. Tanto que, em 2021, o valor total dos investimentos captados por startups brasileiras foi de US$ 9,4 bilhões, soma que representa 2,5 vezes o volume aportado em 2020, segundo dados da plataforma de inovação Distrito.

Nesse cenário, muitas empresas perceberam que precisam investir de forma mais estruturada em startups – a leitura é que, em tempos de transformação digital, apostar em uma ideia já madura representa relevante ganho de tempo e dinheiro.

O que temos visto em grandes corporações é um crescente movimento para a formação de fundos dedicados. Um exemplo é o da Vale, que anunciou em junho a criação da Vale Ventures, destinando um capital (de risco) de US$ 100 milhões para adquirir participações minoritárias em startups focadas em uma agenda ESG, incluindo temas como transição energética e descarbonização da cadeia de mineração.

Outra gigante das commodities segue um caminho similar. Também em junho, a Suzano Papel e Celulose lançou o Suzano Ventures, fundo de US$ 70 milhões interessado em startups que trabalhem conceitos de novos materiais, embalagens, agritechs e carbonos. Estamos falando, vejam bem, de empresas com programas sólidos de pesquisa e desenvolvimento, mas que, assim mesmo, estão se mexendo para não perder espaço.

O setor público também está atento a essa agenda. Em Minas Gerais, o programa Compete Minas abriu, agora em junho, duas chamadas públicas, cada uma com R$ 50 milhões em aportes: uma para incentivar empresas de médio e grande porte, bem como cooperativas e startups; e outra para financiar projetos propostos por instituições de ciência e tecnologia que atuem em parceria com empresas, startups ou cooperativas. No Rio Grande do Sul, também neste mês, o Banrisul lançou um edital para apoiar startups e empresas via Finep – o funding chega a R$ 30 milhões.

Todas essas oportunidades não são em vão. A qualidade dos “startupeiros” brasileiros é reconhecida. O país ocupa o primeiro lugar em startups na América do Sul e o 26º no ranking global, de acordo com a StartupBlink, instituição que avalia os melhores ecossistemas de inovação para startups no mundo. No Brasil, quem puxa a lista é São Paulo. Belo Horizonte está em 4º, Uberlândia em 11º, e Juiz de Fora, em 24º.

Um sinal dessa força é confirmado pelo crescente interesse internacional – somente entre os meses de janeiro e abril, segundo levantamento da já citada Distrito, observou-se uma alta de 33% para 39% na participação de investidores de outros países nas rodadas de captação.

Nem tudo são flores, evidentemente – a crise econômica causada pela pandemia, agravada pela guerra na Ucrânia, abalou unicórnios consolidados. Mas não resta dúvida de que estão nas startups muitas das boas soluções para propiciar ganhos de competitividade, até mesmo em nichos tradicionais da economia mineira, como café – basta citar a tese da Flowins, startup que conecta produtores e compradores de cafés especiais, como torrefadoras e cafeterias.
Ideias como essas, evidentemente, têm muito mais chance de florescer em um ambiente de negócios favorável, com políticas públicas que estabeleçam conexões inteligentes, sem burocracia, entre todos os elos competentes, como universidades, institutos de pesquisa e empresas.

Investir em startups é o melhor caminho para incentivar o empreendedorismo, a inovação e a melhoria dos níveis de competitividade dos produtos mineiros, com geração de emprego e renda.

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