Não se fala sobre outra coisa na cidade, nas ruas, nos ônibus, nos grupos de WhatsApp e nas redes sociais: a ganância do governo Zema e das mineradoras levaram à aprovação de um megaprojeto de mineração na serra do Curral, que prevê a destruição de uma área equivalente a 1.200 campos de futebol. A decisão foi tomada na madrugada de sábado, por volta das 3h da manhã, por oito conselheiros do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), liberando, assim, o empreendimento da Taquaril Mineração S.A (Tamisa).

A serra do Curral, além de ser um dos cartões-postais de Belo Horizonte e símbolo da mineiridade, é uma importante reserva natural, com quantidades significativas de espécies de animais e plantas e albergue de nascentes de rios e córregos, localizada em uma zona de interseção de três parques: o Parque das Mangabeiras, o Parque Fort Lauderdale e o Parque da Baleia. 

Por toda sua importância, a serra teve o tombamento determinado em níveis federal e municipal, e estava com processo de tombamento estadual quase pronto, porém travado pelo governo do Estado.

Na reunião do Copam, ficou evidente que os conselheiros ignoraram as grosseiras irregularidades do projeto, além dos impactos que ele terá para os municípios do entorno, incluindo a cidade de Belo Horizonte que, aliás, sequer foi consultada sobre o empreendimento, embora as consequências sobre a capital sejam enormes. Especialistas apontam que a cidade poderá ser afetada por nuvens de poeira, ruídos derivados do trânsito de caminhões e explosões de dinamite no entorno do Hospital da Baleia, danos à fauna e à flora e até o risco de desabamento do pico de BH.

Os conselheiros de Zema ignoraram ainda o processo de tombamento em curso, já aprovado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), o que já configura proteção à área; e um Projeto de Emenda à Constituição (PEC) para o tombamento estadual da serra do Curral, que está paralisado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) desde setembro do ano passado.

No dia 24 de março, nosso mandato, junto à deputada federal Áurea Carolina (PSOL), enviou um ofício à Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e às prefeituras de BH, Nova Lima e Sabará, solicitando providências imediatas para a proteção da serra do Curral e a garantia do tombamento provisório, até que fosse concluído o tombamento definitivo. Mais um fato ignorado solenemente pelo Copam.

Pois bem, na noite da segunda-feira (2), nos reunimos com o prefeito de BH, Fuad Noman, e um grupo de ambientalistas da cidade para discutir as ações que serão empreendidas para barrar a mineração na serra do Curral. Na ocasião, o chefe do Executivo municipal confirmou que o município de Belo Horizonte e o Ministério Público Federal decidiram entrar com uma ação na Justiça Federal para que a prefeitura seja finalmente consultada e participe diretamente no processo de discussão sobre as atividades econômicas e a proteção da serra do Curral.

Se alguém tinha alguma dúvida, já não tem: Zema representa o mesmo velho esquema de sempre, dos conchavos com as mineradoras que levaram o nosso Estado a viver, em menos de cinco anos, duas das maiores tragédias socioambientais e trabalhistas da história do Brasil.

Nosso futuro depende das ações que construímos no presente. Não vamos permitir que a sanha de lucro das mineradoras se sobreponha ao interesse de toda a população. O povo de Minas quer viver!