O incrível Nacho
O adjetivo, pela referência ao herói da Marvel, costuma ser aplicado ao outro grande reforço do Galo. Ninguém no início do atual Mineiro, todavia, anda merecendo tantos superlativos como Nacho. No imaginário do futebol brasileiro idealiza-se a respeito do “10” clássico; o sujeito que decide, responsável pela fantasia, pelo romantismo. Invariavelmente, quando nos deparamos com esta figura, ela chega acoplada à irregularidade, à diminuta consistência exibida ao longo dos confrontos. Em oposição à esta entidade que remonta a um estilo que não caberia mais, ganhou força em nossas mentes o estereótipo do meio-campista moderno: este sim, exala solidez. Mas brilha? Desfila com aquele “algo mais”? Faz a diferença puramente por sua individualidade? Eis a beleza de Nacho: esplendor do armador que ganha os pontos, estabilidade de um operário padrão.
Xavi
Obviamente não compararia, nem remotamente, o nível, a qualidade dos dois atletas que mencionarei. Uma das facetas mais fascinantes de Xavi, dotado de imenso QI futebolístico, era sua aptidão para passear pelo campo encarnando um verdadeiro ritmista, se movendo sempre de modo a dar mais uma opção de passe ao portador da bola. Chamou atenção como Nacho concretizou com maestria labor tático semelhante no triunfo sobre o América. Abandonando seu posto de construtor mais à esquerda da trinca do meio-campo, na fase ofensiva, o argentino parecia possuído por uma obsessão pela "gorduchinha", sempre se aproximando da área onde ela se encontrava.
Jogo posicional
Desfrutando da completude do repertório de Nacho, do seu poder de tomar iniciativa, de atacar os espaços, de procurar a posse obstinadamente, inevitável o riso pela defesa cega e unilateral que alguns fazem do jogo posicional. Esta filosofia, bem executada, tem tudo para funcionar. Antes de qualquer dogma, entretanto, o técnico há de se adaptar aos traços essenciais de suas peças. Imagina perder os frutos gerados pelo irrestrito deslocamento de Nacho por uma leitura matemática do esporte?
Tchê Tchê
Ótima contratação do Atlético. Tchê Tchê também se enquadra no rol dos meio-campistas dinâmicos, donos de um extenso arsenal de qualidades – é veloz, passa bem, finaliza com precisão de média e longa distâncias. Considerando o momento favorável de Zaracho, e o fato de que ele sabe atuar como primeiro volante, pensaria em um trio titular com o ex-jogador do Racing recuado, Tchê Tchê à frente, marcando e agredindo pela faixa centro-direita, e Nacho realizando mesma função pelo lado oposto.
Saída de três
Cuca utilizou a “saída de três” no clássico. Allan voltava para compor uma trinca com os beques. Ao contrário do que seria mais comum, o ex-Fluminense frequentemente se situava no polo mais à esquerda desta tríade – e não pelo centro, conforme os volantes que retrocedem para esta tarefa tendem a fazer. Não vejo como ideal o descrito comportamento de Allan – próximo ao flanco canhoto, ele fica longe da sua posição original; os deslocamentos se tornam mais longos.
Lentidão
A saída de três nem sempre é uma boa. No Gre-Nal, Dourado afundava para contemplá-la; a criação do Inter foi de uma lerdeza...
Cruzeiro
Diante do Boa, a Raposa não utilizou deste expediente em sua saída de bola – com Adriano e Barbosa mais afastados dos zagueiros.