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Revolução no rádio mineiro

Publicado em: Seg, 18/10/21 - 03h00

Nesta segunda, às 18 horas, Rafael Leal dará o pontapé inicial para a revolução. Em 68, John Lennon foi o arauto de mudanças substanciais – combustadas por outras não exatamente legais – advindas na juventude. O “verão do amor” de 67, em grande medida, demarcou o início desta maré – superestimada, claro, pelas tintas generosas com as quais costumamos pintar um passado não raramente fúnebre. Âncora, narrador, produtor, part-time operador de mesas que não titubeia, part-time locutor que preenche o rádio com seu vozeirão, full-time genius, Rafa, assim como o ícone de Liverpool, faz jus aos versos de “Working Class Hero”. Melhor do que a sagacidade, o timing, a wit de um dos melhores da nossa – moribunda – imprensa, que precisa da chacoalhada que hoje começa, é a doçura, o caráter de quem quase nos trocou pela Bahia. Sopro de originalidade.

Time dos sonhos

Ivete Sangalo perdeu. Lô Borges comemorou – quando, em que circunstância, nosso discreto patrimônio tombaria para a populista e medíocre torcedora do Vitória? O que importa: Rafa voltou, ficou, e será mentor intelectual da metamorfose. Se já conhecemos o técnico, quem será o craque do escrete? Lélio Gustavo. Nosso Cantona. Nosso George Best. Só não cravaria nosso David Beckham, porque convenhamos, né, meu irmão? O filho de Ferguson passou na fila da beleza infinitas vezes, e talvez esta seja a única qualidade que o melhor e maior comentarista de Minas não tem. Fala-se da metralha. E com razão. Coragem e ojeriza à hipocrisia. A antítese...

Mediocridade

“O poder do hábito” não é somente o título de um livro indicado por coaches insípidos para leitores de Instagram. Já falei aqui da beleza dos pequenos cacoetes desvendada por Nietzsche. Do aspecto quase imortal dos velhos costumes vociferado por Mick Jagger. Mas o hábito pode se confundir com automatismos, vícios, uma espécie de osmose que emburrece. Emissoras como a Globo, gigantes do rádio daqui, em INÚMEROS momentos agiram, soberbas, certas da imunidade. O canal, o “dial”, seguram, sim.

Impossível

A solidez da continuidade pode levar à acomodação. De novo: estações prendem por si só. Inatingíveis? Lá e cá, na TV e no rádio, vemos que não. A crença de que não são pessoas que fazem, de que o hábito sustentará de qualquer modo, em larga medida, se prova verdadeira. Tudo tem limite. Empoderar políticos execráveis, escolher o maior dos puxa-sacos, o rei da falsidade – no ar e fora dele –, e sujeitos sem QUALQUER talento, uma hora, paga o seu preço. Um picolé de chuchu não conduz multidões.

Poesia

A ruindade que não coapta seguidores, não engaja, passa pela carência de carisma. A qualidade intelectual pode compensar. O Alckmin dos microfones não agrada nem o homem médio nem o minimamente erudito; tão insosso quanto opaco, no que tange à inteligência. O poeta da nossa seleção é o exato oposto. Um bálsamo de cultura no nosso incauto meio. Pequetito emociona e ensina; desabafa e viraliza. Transcende clubismos, faz o Cigano Igor chorar como um Max von Sydow.

O maior da história

Roberto Abras: basta. Adjetivos aqui seriam subestimação. O melhor. Na entrada do cinquentenário de uma carreira incomparável.

Voz celeste

Na década de 90, o Cruzeiro foi um dos melhores. No início dos anos 2000, também. Um dos principais mensageiros? Artur Moraes.

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