A Shineray, de origem chinesa, só não é mais conhecida do que a Honda e a Yamaha -- ou do que o mosquito do Zika. E, agora, conseguiu outra proeza: sair à frente da então vice-líder de produção de motos, a Yamaha, em emplacamentos em janeiro de 2016, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Motos (Abraciclo). Considerando que a marca era, até bem pouco tempo, fraca e não apresentava nenhuma ameaça, hoje ela é um destaque a ser considerado e estudado pelos gigantes do setor. Como aconteceu isso com a fabricante, localizada no Nordeste (Recife), que tem poucas concessionárias no país? Simples: criatividade, liberdade de comercialização e marketing criativo. A Shineray é comercializada também em lojas de eletrodomésticos e até em armazéns, nos estados do Nordeste e Norte – com vendedores, algumas vezes, inescrupulosos, que dizem que não precisa de CNH. As “motinhas” viraram uma vitrine e placa ambulante para sua marca, rodando desde os bairros mais afastados aos mais longínquos rincões do país. Assim, a fabricante modesta tem chegado devagarinho, sem alarde, e tomado fatias do mercado de marcas, teoricamente, mais preparadas.
Visibilidade
Novidade para muitos é que a Shineray não fabrica só 50 cc. Ela tem 125, 150 e até 200 cc esportivas, que, aproveitando o nome da marca na boca do povo e a consequente visibilidade, tem conseguido vender suas 125/150 em igual número ou maior do que outras montadoras mais famosas (e, claro, de maior qualidade), como a Suzuki. Evidente que a filosofia da maioria das marcas de não fabricar 50 cc, a fraca atividade de apresentação de seus modelos 50 cc e a inexistência de estratégia de marketing de fabricantes, como a Dafra e a Traxx (com produtos de 50 cc mais confiáveis), ajudou a Shineray, que soube muito bem aproveitar a oportunidade. Colaborou com a marca nas vendas das suas 50 cc a falta de seriedade e normas claras e fiscalizadas pelo poder público sobre o uso de ciclomotores. O destaque no ranking com esse aumento (passageiro) de emplacamento das Shinerays usadas em janeiro, sofreu influência do aperto da legislação atual, que obriga que seja feito o registro das 50 cc. Mas, quanto à legalização, sabemos que é passageiro e que, logo logo, tudo volta à normalidade com cinquentinhas surgindo de todas as esquinas com gente graúda e miúda conduzindo livremente, pois não há fiscalização efetiva, e até os policiais ficam perdidos em meio a tantas normas, que hora mandam prender, outra hora mandam soltar, preferem eximir-se a cair em erro. Ufa! Afinal, quem acredita que as leis serão plenamente cumpridas no Brasil, com justiça injusta? Basta ver os motoboys. Quem acreditou que haveria vantagem e gastou quase R$ 1.500 na regularização, agora está frustrado, pois a cobrança oficial não existe, e roda-se à vontade.
MOTONOTÍCIAS
* Número de motos emplacadas em janeiro: 1- Honda 62.019, 64,44%; 2- Shineray 10.527, 10,94%; 3- Yamaha 9.937, 10,32%; 4- Traxx 1.976, 2.05%, - Dafra 1.458, 1,51%; 6 - Suzuki 958, 1%, 7- Bravax 869, 0,9%; 8 - BMW 649, 0,67%; 9- Wuyang 548, 0,57% e 10- Kawasaki 433, 0,45%.
* A produção de motos registra recuo de 37,8% em Janeiro, e as vendas no varejo têm queda de 27% em comparação com dezembro, segundo dados divulgados pela Abraciclo. Em janeiro foram produzidas 75.959 motos, ante 122.063 unidades no mesmo mês de 2015, o que corresponde a uma queda de 37,8% na fabricação.
* Um projeto de lei prevê isenção de IPI para mototaxistas. De acordo com o Projeto de Lei 4319/2016, do deputado federal Alexandre Valle (PMB-RJ), a isenção será para compra de motos nacionais até 250 cilindradas. Assim, se aprovado, fará justiça com uma classe que merece atenção, pois presta serviço de utilidade pública aos menos favorecidos. Falta, agora, que os deputados estaduais apresentem projeto de lei isentando do ICMS em cada estado, para que o benefício seja completo aos profissionais mototaxistas.
* A GSX-R 250R pode vir a ser a próxima moto da japonesa Suzuki para brigar no segmento com suas conterrâneas, Yamaha, Kawasaki e Honda, que já têm motos esportivas de 250 cc. Segundo especulação da imprensa especializada japonesa, o modelo estaria pronto em 2017. Há probabilidade disso ocorrer e o modelo vir para o Brasil. A Suzuki não confirma.