Editorial

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A expansão do horror

Publicado em: Sáb, 16/03/19 - 03h00

O Brasil ainda não havia enterrado todos os seus mortos no massacre de Suzano, na Grande São Paulo, e um novo ataque ocorreu, ontem, do outro lado do mundo, numa cidade de 300 mil habitantes da Nova Zelândia, país onde os homicídios são raros.

Quarenta e nove pessoas morreram em ataques a duas mesquitas, e três homens foram presos suspeitos de envolvimento no crime. Um deles filmou a ação e transmitiu durante 17 minutos pelo Facebook – as imagens se parecem com as de um jogo de videogame.

Deixaram mensagens contra imigrantes, muçulmanos e a democracia. Confessam-se parte de um movimento racista que vem crescendo em todo o mundo, sob o estímulo de políticos de direita e que acredita na superioridade do homem branco do Ocidente.

Seus preconceitos têm origem antes do nazismo, mas hoje se distribuem contra outras comunidades, além dos judeus, como os negros e os muçulmanos. O alvo são os supostos beneficiários da globalização, que não são exclusivamente os imigrantes.

As redes sociais estão unindo essas mentes doentias e perigosas. Seus mentores e seguidores pregam abertamente o ódio aos diferentes. Depois do ataque em Suzano, um estudante de direito em Manhuaçu, na Zona da Mata, se congratulou com os assassinos.

Outras pessoas se manifestaram apoiando o massacre. Na Nova Zelândia, os autores não se preocuparam em escapar da polícia. Parece que se sentiram muito orgulhosos de seu gesto pelo fato de que este poderia servir de exemplo para seus admiradores.

O objetivo parece ser obter o máximo de visibilidade para a sua “causa”, propagando uma estratégia mundial de reação à evolução da humanidade. Com a proliferação de armas de fogo em muitos países, isso se torna possível e adquire maiores proporções.

É simbólico que Trump, ao mesmo tempo em que condenou o “ataque de ódio”, seja elogiado pelos assassinos.

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