Editorial

Em defesa das vidas

Morte de gatos no Parque Municipal revelam que homem deve avançar na relação com o meio ambiente

Por Da Redação
Publicado em 01 de dezembro de 2020 | 03:00
 
 

As recorrentes mortes de gatos no Parque Municipal, em pleno centro de Belo Horizonte, mostram que os seres humanos têm muito o que avançar no caminho da harmonia com o meio ambiente. Os felinos encontrados mortos no local com sinais de extermínio no último fim de semana se somam a outros 200 bichanos que perderam a vida na área verde neste ano, segundo a ONG SOS Gatinhos do Parque. Entre os motivos das mortes estaria o crime de maus-tratos, de acordo com voluntários. A Prefeitura informou que vai melhorar a iluminação e a proteção da área e ampliar o videomonitoramento para coibir atos de violência contra os bichos. 

O abandono de animais no parque está na raiz do problema, mas a semente desse mal é a mentalidade que subjulga outros seres vivos e legitima o descarte como se fossem objetos. Ações do poder público como a Lei Sansão, que torna mais rígida a pena para autores de abusos contra cães e gatos, podem ajudar a reduzir o sofrimento desses animais. 

Vale destacar o que disse o juiz do Juizado Especial Criminal que remeteu o caso do cão mutilado à Justiça comum. “Seguindo firmemente os mais modernos entendimentos, tenho plena convicção que a Justiça comum chegará à decisão mais adequada e digna para um ser que merece nada menos que sua irrestrita dignidade”, declarou o magistrado Leonardo Guimarães Moreira se referindo ao pit-bull Sansão.

Apesar de ser merecidamente comemorado, o aumento do rigor na punição por si só não é capaz de proteger os indefesos. A plena dignidade de todos os animais depende de um amplo processo de mudança filosófica desde a formação dos indivíduos. A criança que monta uma armadilha para matar um pássaro por puro prazer deve ser repreendida, e não incentivada pelos pais.