Editorial

Futuro em prova

Incerteza sobre a realização do Enem em 2021

Por Da Redação
Publicado em 15 de maio de 2021 | 03:00
 
 

A incerteza sobre a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste ano flagela cerca de 6 milhões de estudantes que devem prestar provas para o acesso ao ensino superior. Já havia chamado atenção o fato de a realização do exame não estar prevista nas metas do Inep, e, agora, um ofício do diretor de Avaliação da Educação Básica, datado de 3 de maio, projeta as datas de 16 e 23 de janeiro para as provas. O Inep nega e diz que ainda está trabalhando no planejamento, mas o estrago foi feito.

Há mais de 13 meses, esses jovens estão vivendo uma situação excepcional de estudar por meio remoto nas mais desiguais condições imagináveis. Muitos dependem da nota para ter acesso a programas de financiamento estudantil e conseguirem estudar em instituições privadas.

A insegurança com relação ao Enem não vem de hoje. Em 2019, pelo menos 9.000 provas tiveram notas erradas devido a falhas de gráfica. No ano passado, o exame foi adiado devido à pandemia, e, no dia da realização, vários alunos não chegaram a fazer as provas porque as salas não estavam adequadas às medidas sanitárias.

Em 2021, o problema foi agravado pelos cortes de recursos. Nos últimos anos, as despesas com o Ministério da Educação encolheram de 5,42% dos gastos públicos para 2,59%. Agora, após uma elaboração problemática do Orçamento federal, a pasta foi alvo de um dos maiores bloqueios de verbas (R$ 2,7 bilhões). De R$ 1,49 bilhão previsto no Orçamento para o Inep, somente R$ 59,27 milhões foram executados até agora, segundo o Portal da Transparência.

No ano de uma escolha crucial na vida dos jovens, o sucateamento do Enem e da educação é pressão cruel e uma ameaça real para aquilo que é mais essencial para a riqueza da nação: seres humanos capacitados e bem formados.