Após uma semana em que o fantasma de uma crise econômica mundial assombrou os mercados, EUA e China deram sinais de que não devem ficar de braços cruzados. Mesmo assim, o alerta não pode ser desligado no Brasil.

Os principais motores financeiros mundiais deram sinais de desaceleração. O crescimento de 6,2% do PIB chinês no trimestre é o mais baixo dos últimos 27 anos. A Alemanha teve um recuo de 0,1% nos primeiros três meses do ano. E, num sinal que só ocorre quando a recessão se aproxima, os títulos do governo norte-americano de 30 anos ficaram abaixo dos de curto prazo, refletindo desconfiança com o futuro da economia.

O maior motivo de preocupação é a guerra comercial entre EUA e China. Ciente do quanto isso pode sair caro para a economia e para sua reeleição, o presidente Donald Trump afirmou no fim de semana que mantém o diálogo “substancial” com Pequim e estendeu o prazo para a gigante de telecomunicações Huawei comprar suprimentos dos Estados Unidos, num claro sinal de redução das tensões.

No Brasil, o comportamento especulativo desafia o governo. Mais de R$ 19 bilhões estrangeiros deixaram a Bolsa, a moeda norte-americana se desvalorizou quase 4% na última semana, e o Ministério da Economia anunciou que venderá dólares à vista pela primeira vez desde 2009.

O país tem mais de US$ 400 bi em reservas cambiais – uma folga substancial em relação às crises passadas. Mas havia decidido limitar esse gasto pela tendência que ele tem de aumentar o custo das exportações e reduzir vendas externas. Diante do temor de que o Brasil possa ter sua segunda queda seguida do PIB trimestral e entrar em recessão técnica, a diferença entre o remédio – para o câmbio – e o veneno – para a indústria –, como dizem os homeopatas, está na dose.