Editorial

Imposto do clima

Alerta da nova chefe do FMI sobre aquecimento global

Por Da Redação
Publicado em 09 de outubro de 2019 | 15:00
 
 

Quando um dos principais ícones do neoliberalismo internacional defende aumento de impostos, percebe-se o quanto o assunto é grave. Ontem, a nova chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, foi clara em sua mensagem: “Limitar o aquecimento global requer um preço significativamente mais alto de carbono. A chave é mudar os sistemas tributários”.

No ano passado, as emissões de gases resultantes da queima de combustíveis fósseis passaram de 37 bilhões de toneladas de CO2, segundo estudo do Global Carbon Project publicado na revista “Nature”. Entre os maiores responsáveis estão algumas das economias mais pujantes, como China, EUA, Índia, Rússia.

Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), se nada for feito rapidamente, até o fim do século o nível do mar subirá em mais de um metro, provocando a migração forçada de milhões de habitantes de ilhas, e a acidez dos oceanos subirá, condenando à morte os recifes de corais.

Ao lado dos gases do efeito estufa, a emissão de partículas poluentes no ar provoca até 7 milhões de mortes por ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), consumindo o equivalente a 4% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial nos esforços para tratamento das vítimas.

Em um estudo publicado em maio, os técnicos do FMI defenderam que elevar o custo da tonelada de carbono a US$ 70 até 2030, além de proteger o ar, faria o PIB chinês e russo, por exemplo, dar um salto de até 5%.

A declaração de Kristalina Georgieva comprova a urgência de se adotarem sistemas produtivos limpos e menos dependentes do carvão e do petróleo antes que o aquecimento global lance o planeta em uma crise sem precedentes com um custo inaceitável em dinheiro e vidas.