Minas Gerais está no limiar de 50 mil mortes por Covid-19 desde o início da pandemia. O número equivale a uma cidade do porte de Diamantina levada pelo vírus, mas, independentemente do volume, é impossível não tratar cada uma dessas perdas como uma dor incalculável para cada mãe, pai, filho, irmão e amigo que as sente hoje.
Graças à vacinação, a velocidade com que essas vidas são tiradas pelo coronavírus vêm se reduzindo. Os 37 óbitos registrados no boletim da Secretaria de Saúde na segunda-feira eram apenas um sonho quase inimaginável em abril, quando a média móvel era quase dez vezes maior (340).
A cobertura vacinal já chega a 57% da população adulta na primeira dose, e 21% na imunização completa, de acordo com os dados oficiais. Mas o caminho até a segurança ainda é longo: a chamada “imunidade de rebanho” se alcança apenas quando sete em cada dez habitantes receberem as duas doses, e, para isso, é essencial que as vacinas continuem a chegar às cidades e aos postos de saúde.
Ontem, oito capitais brasileiras estavam com a aplicação da primeira dose suspensa por falta de imunizantes (BH não está entre elas), apesar de o Ministério da Saúde ter recebido mais de 12 milhões de doses desde a semana passada. Há um problema no fluxo de distribuição que precisa ser identificado e enfrentado.
Isso, aliado a uma falsa sensação de segurança ou mesmo ignorância, faz com que cerca de 200 mil mineiros não tenham tomado a segunda dose dentro do prazo estabelecido – ou nem sequer a tenham procurado. Vacinação e prevenção são fatores cruciais para o enfrentamento da pandemia, e negligenciá-las é assumir o risco de que outros milhares de mineiros sigam sendo vítimas de uma doença para a qual há armas para enfrentar.