Editorial

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Linha auxiliar

Publicado em: Seg, 13/05/19 - 03h00

Toda vez que há crise econômica, o mercado de trabalho formal diminui e há um crescimento do trabalho informal. Os vendedores ambulantes e os catadores de material reciclável constituem dois indicadores dessa situação conforme ocorre hoje no Brasil.

A crise eleva o número de catadores informais, ou seja, pessoas que obtêm do lixo uma forma de renda. Segundo pesquisa nacional, o número deles aumentou 48% entre dezembro de 2014 e o último mês de 2018. No ano passado, a alta foi de mais de 20%.

No fim do ano passado, os catadores eram 268 mil no país, contra 180 mil em 2014. A renda mensal dessas pessoas era de R$ 680, ou 30% da renda média nacional. A maioria (72%) deles era constituída de homens com o ensino fundamental ou sem instrução.

A crise econômica aumenta o número de desempregados. Parte deles, sem alternativa, busca o mercado de reciclagem. Mas a crise também reduz a quantidade de resíduos recicláveis, devido à queda no consumo doméstico, comercial e industrial.

Menos material, mais competição entre os catadores. O faturamento bruto das cooperativas pode até aumentar, mas o valor que é distribuído a seus integrantes cai, sem perspectivas de recuperação, a não ser que a economia melhore substancialmente.

Numa cidade como Belo Horizonte, eles são – como os moradores de rua, com quem se confundem muitas vezes – cada vez mais visíveis. Quase sempre à noite, surgem empunhando carrinhos de supermercado carregados de material reciclável.

As autoridades municipais, cientes do papel importante que desempenham, reduzindo a coleta de lixo atribuída ao poder público, deveriam apoiá-los, oferecendo vestimentas, veículos de transporte, alimentação e cursos. Eles são sua linha auxiliar.

O movimento nacional dos catadores de materiais recicláveis não pode ser ignorado.

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