Na semana passada, estatística do IBGE apontou uma queda no volume de vendas do varejo brasileiro em abril em relação ao mês anterior. A redução foi puxada pelos supermercados, onde os consumidores passaram a colocar marcas mais baratas nos carrinhos.
Um dos indicadores do empobrecimento da população é a venda no varejo. Agora, o mesmo IBGE dá conta de que o desemprego que se seguiu à recessão de 2015/2016 derrubou em 20% os ganhos dos mais pobres, fazendo-os retrair no seu consumo.
O mesmo não aconteceu com os mais ricos. A recessão também os afetou, mas, passados três anos, estes já se recuperaram. Os 10% mais ricos acumulam um aumento de 3,3% na renda do trabalho; além de superar as perdas, já ganham mais do que antes.
A recessão afetou diferentemente os dois grupos. Nos últimos sete anos, os mais ricos aumentaram sua receita em 8,5%, enquanto a dos mais pobres caiu 14%. A recuperação da economia gerou poucos empregos e só favoreceu os trabalhadores de renda mais alta.
A leitura que fica desses números é que a desigualdade aumentou. Em meados de 2014, os 50% mais pobres se apropriavam de 5,74% de toda a renda efetiva do trabalho. No primeiro trimestre deste ano, a fração caiu para 3,5%. A queda foi de quase 40%.
A retomada da atividade laboral, depois da recessão, é bastante desigual entre os trabalhadores. Segundo um estudo da FGV, a desigualdade entre os 10% mais ricos e os 40% mais pobres vem crescendo, tendo atingido em março o maior patamar desde 2012.
Os mais pobres sentem o impacto da crise pela vulnerabilidade social e pela dinâmica do mercado de trabalho. Há menos empresas contratando e mais gente procurando trabalho. Quem tem maior escolaridade e mais experiência acaba se saindo melhor.
Com 13,4 milhões de desempregados em março, a tendência é de aumento da desigualdade.