É possível aprender com 56 casos de violência dentro de escolas mineiras todos os dias? Os dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, revelados pela jornalista Clarisse Souza em O TEMPO de ontem (18.9), gritam que não.
Em seis meses, policiais e forças de segurança foram chamadas 10.134 vezes para lidar com questões que só deveriam entrar em sala de aula como tema de estudo. São casos de furtos, danos ao patrimônio, ameaças e agressões contra estudantes e professores.
Segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 14,8% dos alunos afirmam já terem deixado de ir à escola por não se sentirem seguros, e 5,7% confirmam já terem se envolvido em uma briga na qual um dos envolvidos portava armas de fogo.
E um estudo de 2013 da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) constata que um em cada oito professores afirmou ter sido alvo de agressão verbal ou intimidação pelo menos uma vez por semana, um dos motivos para elevados índices de afastamento temporário dos profissionais.
Mas o absenteísmo não é o único problema. Tese de doutorado na Universidade de São Paulo mostra que alunos do ensino médio submetidos a um ambiente de violência e criminalidade têm desempenho acadêmico inferior aos dos que estudam em paz. Resultado comprovado por pesquisadora da FGV-RJ analisando notas da Prova Brasil em 2009.
Estabelecer a sala de aula como um espaço de paz e segurança é condição mínima para promover uma educação inclusiva e eficiente e devolver a professores e estudantes o papel de protagonistas na educação que a violência lhes tem roubado cotidianamente.