Sem tempo de reação

Candidato à presidência do COB lamenta saída repentina de membro de chapa

Momento da desistência de Mauro José da Silva não permitiu que Alberto Murray encontrasse substituto e seguisse na disputa

Por Daniel Ottoni
Publicado em 15 de setembro de 2020 | 11:41
 
 
Esta será a segunda vez na história do COB com mais de uma chapa na disputa à presidência Divulgação

Foi faltando poucas horas para a inscrição de uma nova chapa para concorrer à presidência do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) que Mauro José da Silva, presidente da Confederação Brasileira de Boxe, desistiu de fazer parte da chapa a qual era integrante, como candidato a vice-presidente. A eleição está marcada para 7 de outubro com a presença de, agora, três chapas. 

Mauro seria vice de Alberto Murray, que fez parte do Conselho de Ética da atual gestão até o início do ano. Ele renunciou ao cargo após não ser informado sobre denúncia que a entidade recebia envolvendo fraude na área de informática

A saída de Mauro, no último dia 10, deixou Alberto sem tempo de encontrar um substituto. O candidato não teve outra opção a não ser desistir da candidatura, jogando por terra um longo período de campanha nos últimos meses, incluindo a criação da Agenda Positiva, documento com sugestões de caminhos e ações a serem adotados por entidades e responsáveis pela gestão esportiva no Brasil. 

"A decepção foi grande, mas já passou. O mundo da política esportiva não é diferente da política partidária. A questão é o dinheiro público que movimenta essa estrutura. Os mecanismos de controle sobre isso têm que ser muito mais rígidos. Lidar com dinheiro público é algo muito sério", comenta Alberto.

O motivo apontado por Mauro foi as pequenas chances de uma vitória. O responsável pela entidade que gere o boxe brasileiro garante que o momento da sua retirada não foi feito de forma premeditada.

"Eu tomei a decisão quando achei que era oportuno. Recebi contato de cinco ou seis presidentes que tinham manifestado apoio em nossa chapa, mas desistiram a partir do momento em que uma nova foi registrada. Eles não se sentiam à vontade para nos apoiar, estão no seu direito. Eu até agradeço a eles pelo contato e sinceridade, não tinha porque continuar. Falar que esperei momento A ou B para tomar a decisão é pura bobagem", justifica. 

'Rasteira'

Alberto lamentou a decisão, ciente de que os próximos momentos poderiam ser importantes e terem peso na eleição.  "Não sou pessoa de largar nada pela metade, ainda mais agora quando iriam começar os debates. Eu tenho a coragem necessária para ir até o fim em tudo. Ele poderia ter me comunicado um dia antes pelo menos. Eu teria chance de substituí-lo por um atleta olímpico de renome, por exemplo", comenta Alberto. 

Depois de informações de bastidores darem conta da presença de três chapas, uma quarta, com Helio Meirelles Cardoso e Robson Caetano entrou na briga para fazer frente a Paulo Wanderley e Marco La Porta, membros da situação, e Rafael Westrupp e Emanuel Rego. 

Possível legado

Apesar da sua ausência da eleição, Alberto espera que a 'Agenda Positiva' seja considerada e aproveitada por quem comanda o esporte no Brasil, certo de sua utilidade e benefícios. "Nunca foi feito um documento tão completo e abrangente sobre os rumos do esporte olímpico no Brasil. Caberá aos gestores avaliá-lo e implantá-lo. A pior coisa que há é aquele que fica em cima do muro, que não tem lado. Espero que se alguém achar que algo ali faz sentido, que implemente", sugere.