Esportivamente

Daniel Ottoni é repórter de esportes especializados do jornal O Tempo, do portal Super.FC e da rádio Super. Com experiência de cobertura em Copa do Mundo, Olimpíada e Mundiais de vôlei, tem uma predileção por bastidores e lado B. Por aqui, espaço para os esportes que têm uma religião chamada futebol como concorrente em muitos momentos.

Canhão no braço direito

Cubano López apresentou suas credenciais no Sul-Americano de vôlei

Publicado em: Seg, 17/02/20 - 12h11
Velocidade do ataque de López impressionou quem não o conhecia | Foto: Agência I7

A necessidade de colocar uma matéria no ar poucos minutos após o término de uma partida obriga quem está nas quadras e estádios a 'rebolar' em decisões e jogos que podem ter um final imprevisível. No último sábado, na disputa da medalha de ouro do Sul-Americano de vôlei, precisei me virar depois de ver o que o ponta cubano Miguel López, do UPCN, fazia dentro das quatro linhas. 

Assim que começou a fazer estragos na defesa do Sada Cruzeiro, preferi me precaver e esboçar algumas linhas para relatar um possível 'banho de água fria' que o jogador ameaçava dar no time celeste. Não foi à toa que ele entrou na seleção do campeonato. 

Admito que ainda não conhecia o jogador, que está em sua terceira temporada no vôlei argentino. Depois de defender o Gigantes del Sur, ele já chama atenção em um dos maiores campeões locais, um time de maior expressão e que lhe dá maior visibilidade. Há muito tempo não via um jogador com saque tão poderoso. 

Um dos últimos que havia chamado minha atenção era o ponta búlgaro Penchev, que jogou no Personal Bolívar (ARG), rival do UPCN e que se transferiu para o Sesc (RJ) na última temporada. A velocidade do ataque de López é algo difícil de se ver. Fazendo jus à tradição cubana, ele mostra um poderio ofensivo impressionante, criando grandes dificuldades para o outro lado da quadra.

Abaixo, relatos do próprio López e também de jogadores que o enfrentaram na grande decisão. No final, disponibilizo o texto que acabou não sendo publicado graças à vitória cruzeirense

López, ponta do UPCN: "Este prêmio de melhor ponteiro do torneio significa muito pra mim, quero compartilhar com meus companheiros, que tornaram este resultado possível. É minha primeira premiação individual. Sou profissional há apenas três anos, agradeço muito aos dirigentes do UPCN, que me deram esta oportunidade. Vim para dar meu melhor neste torneio, me preparei bastante e acho que fui bem. Nós, cubamos, temos essa característica de saque e ataque potente, o serviço é uma das minhas grandes armas. Agora é seguir trabalhando. Jogar no Brasil seria interessante, uma das melhores ligas do mundo, seria uma boa experiência". 

Lukinha, líbero do Sada Cruzeiro: "Fiquei o conhecendo somente neste Sul-Americano. Ele é um jogador muito forte mesmo. Conseguimos segurá-lo em alguns momentos, em outros não. Faz parte e tivemos que aprender a lidar com isso durante a partida". 

Luan, oposto do Sada Cruzeiro: "Foi um jogo agarrado, sofrido. O cubano do time deles estava acabando com a gente no saque. Isso estava nos machucando. Mas, conseguimos segurar o serviço, ele começou a errar e nosso jogo ficou mais solto". 

Perrin, ponta do Sada Cruzeiro: "Ele é um atleta fantástico. Eu já o conhecia do Pré-Olímpico, por muito pouco não tirou nossa vaga de Tóquio. Nos dois primeiros sets, ele fez a diferença quando enfrentamos Cuba, por sorte viramos e vencemos. Ele é realmente espetacular".

Vice: Sada Cruzeiro para no cubano López e título do Sul-Americano escapa dentro de casa

A festa da torcida do Sada Cruzeiro estava pronta, mesmo sabendo que um duro adversário estaria pela frente na final do Sul-Americano de vôlei, neste sábado, no ginásio do Riacho, em Contagem. Com o poliesportivo lotado e 'pulsante', muitos dos ingredientes necessários para o hepta do torneio continental estavam 
presentes. A meta de chegar ao nono Mundial seguido, no entanto, ficou pelo caminho, com uma inesperada derrota para o UPCN (ARG).

Os argentinos mostraram o potência que os fez vencer, antes da decisão, equipes do tamanho de EMS Taubaté Funvic (SP) e Personal Bolívar (ARG). Passar por cima do Cruzeiro em um Riacho 'fervendo' não deixou dúvidas sobre os méritos e capacidade do time de San Juan, que volta para casa com um título inesquecível para tentar impulsionar uma nova arrancada no campeonato argentino, onde ocupa a quinta posição. 

O revés teve um grande 'culpado': o ponta cubano López. Com um 'canhão' no braço direito, ele desmontou a defesa e recepção cruzeirense em boa parte do jogo. A cada passagem pelo saque, a torcida tentava fazer sua parte para pressionar o caribenho, que não se intimidou. Por mais de uma vez, criou 'raízes' no serviço e abalou a linha de passe celeste, fazendo a diferença para que boas margens fossem abertas no placar.

No ataque, a velocidade dos seus golpes, sejam eles da rede ou do fundo, impressionava, principalmente quem ainda não o conhecia. A dificuldade para marcá-lo foi constante e nem sempre foi possível pará-lo. Nos momentos de maior dificuldade, era no cubano que saía o desafogo para o time de San Juan. Seria injusto afirmar que a vitória argentina veio única e exclusivamente por conta de López. Apesar de sua grande influência, o volume de jogo e a defesa, aliada à uma estratégia bem aplicada complicaram a confirmação do objetivo azul. 

Do começo ao fim, os comandados do técnico Marcelo Mendez fizeram tudo que foi possível mas tiveram uma barreira inspirada que jogou água no chopp azul. O UPCN, pela terceira vez na sua história, conquista a América, conseguindo calar um Riacho lotado, feito para poucos times. 

 

 

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