Foram exatos dois meses entre o voo do empresário mineiro Gustavo Ziller rumo ao Everest e seu retorno para Confins.
Depois de dois meses, ele retornou, nesta quinta-feira, 3 de junho, a Belo Horizonte, com a maior aventura da sua vida tendo sido bem-sucedida.
Ziller é o protagonista do programa '7 cumes', do Canal OFF, que mostra seu planejamento, rotina e desbravamento para chegar às sete montanhas mais altas do mundo.
O que era para ser a temporada de despedida, no Everest, montanha mais alta do mundo com 8.848m, foi antecipada por questões de logística, com uma última missão sendo necessária para completar o objetivo final: o cume da Pirâmide Cartenz, ponto mais alto da Ocenania (4.884m), na fronteira entre Papua e Nova Guiné.
A sexta missão, no Everest, que teve 'ataque' de 10h de duração, deve ir ao ar no Canal OFF entre final de julho e início de agosto. O projeto teve início em fevereiro de 2015 e a previsão é de ser encerrado em setembro de 2021.
A proximidade com a nova cepa da Covid-19, na Índia, foi apenas um detalhe, assim como o lock down em território nepalês.
Confira a conversa que a Coluna Esportivamente teve de forma exclusiva com Gustavo Ziller
O que esta sexta montanha tem de especificidades?
É a maior montanha do mundo, retratada em livros e filmes. Vi, inclusive, o filme recente e é impressionante como o diretor conseguiu reproduzir 90% do que acontece de verdade por ali. O Everest é um patrimônio do Nepal, a economia local funciona muito em torno dos himalaias, a cordilheira de 14 montanhas com mais de 8.000m de altura. Tudo ali é superlativo, o que acontece por lá as pessoas colocam à milésima potência não por acaso. É uma escalada muito bruta e inóspita.
Para chegar ao topo, é preciso de oxigênio suplementar. Alguns tentam sem e quatro buscaram o cume desta forma nesta última passagem minha por lá, nenhum deles conseguiu.
Como foi o roteiro? Quantos dias de subida? Quantas pessoas na equipe e suas funções?
Embarcamos no dia 4 de abril e é uma missão de mais ou menos dois meses. A escalada é muito dura, leva tempo para se aclimatar, tem a chance de ficar doente, não dura menos do que 45 dias. Volto pra casa 60 dias após o embarque em Confins. A equipe fixa sou eu e o filmmaker Gabriel Tarso.
A equipe móvel são montanhistas e profissionais locais de cada região. Temos também o suporte da Patrícia, minha esposa e das nossas duas filhas e do meu filho, que atuam no projeto na logística, comunicação e produção executiva.
A aclimatação precisa ser bem feita. A primeira parte é um trekking de aproximação ao campo base, que dura entre nove e 12 dias, para irmos subindo aos poucos, evitando sofrer do 'mal de montanha'. O campo base está a 5.350 metros de altitude. A partir de lá, são três ciclos de aclimatação, onde se sobe ainda mais.
Primeiro vamos para 6.100m, depois 6.500m (acampamento 2) e 7.100m (acampamento 3), sempre indo e voltando para aclimatar e estar apto. Após isso, fazemos o 'ataque' ao cume, quando a 'janela' se abre. Este 'ataque' dura de cinco a sete dias.
Quais os desafios extra durante a pandemia?
A expectativa era de uma temporada vazia, mas as coisas foram diferentes no campo base. Esta foi a temporada em que mais permissões foram emitidas, um total de 400. Destas, apenas 150 pessoas chegaram ao cume, foi uma época de grande dificuldade de abertura das 'janelas'.
Aconteceram algumas tempestades, além do ciclone Yaas, fiquei preso no acampamento 2 por seis dias, esperando a situação melhorar. Ouvimos muitas notícias de sensacionalismo, que existia uma epidemia no campo base, o que não era verdade. Eram entre 800 e 1.000 pessoas no acampamento, não foi registrado um único óbito. Os casos positivos foram isolados graços a um protocolo rígido das próprias expedições, já que o governo local não ajudou muito. Todos nossos testes PCR deram negativos.
Como foi para conseguir autorização para viajar?
O Brasil está uma zona, não tivemos problema nenhum pra sair do país, um absurdo como este governo está lidando com a pandemia. Para entrar no Nepal, precisamos de permissão específica de escalada e testes negativos.
Subiu alguma montanha em 2020?
Subimos três altas montanhas no Equador, que nos ajudaram a ter uma preparação incrível para esta mais nova jornada. Foi um privilégio fazer essa viagem, contamos com voo privado para aumentar nossa segurança, com todos testando negativo para a Covid.
Confira as seis montanhas já desbravadas por Gustavo Ziller (por ordem de episódios)
1. Aconcágua, América do Sul - 2ª montanha mais alta do projeto - 6.962m
2. Monte Kilimanjaro, Tanzânia - 4ª montanha mais alta do projeto - 5.895m
3. Elbrus, Rússia, maior da Europa Ocidental - 5ª montanha mais alta do projeto - 5.642m
4. Denali, América do Norte - 3ª montanha mais alta do projeto - 6.190m
5. Vinson, Antártida - 6ª montanha mais alta do projeto - 4.892m
6. Everest - montanha mais alta do mundo - 8.848m