Esportivamente

Daniel Ottoni é repórter de esportes especializados do jornal O Tempo, do portal Super.FC e da rádio Super. Com experiência de cobertura em Copa do Mundo, Olimpíada e Mundiais de vôlei, tem uma predileção por bastidores e lado B. Por aqui, espaço para os esportes que têm uma religião chamada futebol como concorrente em muitos momentos.

Entraves

Superliga prestes a começar com conhecidos poréns pelo caminho

Publicado em: Qua, 21/08/19 - 15h52
Fortalecimento e união dos clubes pode ser caminho para mudanças efetivas na Superliga | Foto: Agência i7

Por algum tempo, mantive o blog Esportivamente dentro do portal SuperFC. A ideia era dar espaço para notícias e histórias de bastidores, com direito a informações e algumas opiniões das coisas que vejo, penso e sinto neste meio esportivo. A hora, agora, é de dar um passo adiante e manter uma coluna no mesmo espaço privilegiado que colegas de redação também dão seus pitacos. Espero que seja um novo tempo mas com a audiência qualificada dos internautas.

Em novembro, teremos o início de mais uma Superliga de vôlei. Uma ideia que faz todo o sentido e que não havia aparecido antes era padronizar os play-offs em melhor de três jogos. Antes, eram cinco jogos em algumas fases, três em outras, de um jeito no masculino e outro no feminino. Agora, esta nova situação parece que chega para ser mantida. Uma mudança pequena demais para tudo que ainda precisa melhorar no torneio nacional. 

Um torneio do tamanho da Superliga brasileira, um dos maiores do mundo, não pode acontecer sem a presença da tecnologia que permite que lances duvidosos sejam revistos. Em todo o Brasil, apenas o Sada Cruzeiro conta com o equipamento. A obrigação da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) seria buscar parceiros e realizar investimentos para que um dos seus principais produtos não perdesse credibilidade no cenário internacional. 

A entidade segue dependendo da cessão do aparelho pelo clube cruzeirense para que os momentos de decisão, como semifinais e finais de Superliga, possam ter resultados mais justos. Fico pensando o que passa na cabeça da turma de fora do país quando se deparam com essa informação. Não adianta tentar valorizar a Superliga se um item básico até hoje não foi resolvido. Bato nesta tecla há meses sem ver muita movimentação para que alguma novidade apareça.

O discurso é que o investimento é alto e não existem recursos. Muitos jogos seguirão dependendo do acaso e da sorte. A velocidade das jogadas do vôlei atual não permite que se dependa dos acertos dos árbitros e assistentes a olho nu. 

Depois de anos de finais em jogo único, no ano passado tivemos a definição do campeão em mais de um jogo, algo que clubes e atletas sempre defenderam, seguindo a linha do que acontece em todo o mundo. A distinção para a temporada que vai começar é a CBV escolher o mando de quadra das finais da Superliga feminina.

Na masculina, os jogos seguirão na casa dos finalistas. Não consegui entender a diferença e os clubes femininos devem ter compactuado com tal situação. 

Longe do ideal

As evoluções dentro da Superliga acontecem em passos lentos, distante do que a realidade do vôlei exige. Um torneio controlado por uma federação que parece se preocupar mais com a seleção e que não permite uma abertura comercial que possa favorecer mais os clubes. A CBV segue tendo o controle total, por exemplo, da exploração do espaço comercial de uma quadra. Os clubes mandantes precisam aceitar limitações que os colocam como reféns. Tal situação parece que seguirá presente por alguns anos, sabe-se lá até quando. 

Reforço o interesse de ver a CBV controlando a seleção e os clubes sendo responsáveis pelo maior torneio do país. Enquanto isso é uma realidade em muitos países, por aqui parece ser um utopia. A união dos clubes seria um caminho para tal mudança, uma outra situação que sigo tendo dificuldade em identificar. 

 

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