O brasileiro está sufocado pelo vírus, pela crise econômica e pelos atropelos político-institucionais que assolam o país. O indispensável recolhimento à casa, que poderia propiciar descanso e aconchego familiar, virou tortura para quem lê jornais, assiste TV ou frequenta as redes sociais.

E tome demissões de ministros em plena pandemia, mais de mil mortes diárias pela Covid19 e um verdadeiro genocídio levado a cabo pelos corruptos na aquisição de equipamentos médicos e na construção de hospitais de campanha.

Como se não bastasse, tome vídeo estarrecedor de reunião de ministros. Com as exceções de sempre, há espertalhões, como aquele que propõe “simplificar” normas e regulamentações ambientais para “passar a boiada” enquanto a imprensa desvia a atenção do público com o noticiário sobre a pandemia.

Outro, autoritário e aloprado, odeia Brasília e quer pôr muita gente na cadeia, a começar pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. Um outro, talvez ingênuo, pagou o mico de sugerir que a pandemia teria alcançado seu pico com os cerca de 3.000 óbitos daquele momento. Bingo.

O ministro do Turismo, por sua vez, sugere que a grande sacada para o setor seria a implantação de resorts diferenciados, incluindo cassinos. Ouviu da ministra Damares que isso era coisa do demônio e do ministro da Economia que, com isso, o presidente poderia realizar seu sonho de criar uma Cancun em Angra dos Reis. Rebatendo Damares, Guedes afirmou que o jogo não é para qualquer um. Joga quem pode e, se perder, foda-se.

Tendo a pensar que, mais do que apresentar provas das razões que o levaram a se demitir, e estas provas somadas a acontecimentos anteriores e posteriores à reunião estão lá, Moro quis trazer a público o grau de autoritarismo e leviandade com que são (des)tratados os graves problemas nacionais.

Como se não bastasse, o modelo confesso de nosso presidente, Donald Trump, acaba de suprimir voos entre Brasil e Estados Unidos, prometendo nos enviar mil respiradores. Quando? É para hoje, e não para agosto ou setembro. Adeus férias na Disney. Adeus ao vai e vem de brasileiros afortunados que têm propriedades em Miami ou em Nova York? Não para aqueles que têm seus próprios jatos, negócios e muito dinheiro naquele país.

Por outro lado, há cerca de 1,3 milhão de brasileiros, a maioria trabalhadores, vivendo naquele país. Estes não terão o privilégio de viajar quando quiserem ou precisarem fazê-lo. Mesmo com as exceções a serem feitas a grandes negociantes, a economia brasileira estará em maus lençóis, e o país estará cada vez mais dependente das transações com a China. Mas Donald Trump é amigo de nosso presidente. Mui amigo!