Abundam nas redes sociais vídeos, palestras e comentários sobre a questão ambiental e, mais especificamente, sobre a postura do atual governo em relação à Amazônia. Advirto o leitor de que, não sendo especialista no tema, o que se segue são meras considerações sobre matérias, nem sempre confiáveis, postadas na internet.

Chamou-me especial atenção a matéria publicada por Daniel Buarque em que ele afirma, citando Stephen Walt, professor de relações internacionais da Universidade de Harvard, que a “impressão externa de que o presidente Jair Bolsonaro permite a livre destruição da floresta” levaria as grandes potências mundiais a tomar atitudes para impedir a mudança climática da forma que achassem necessário. O autor adverte que o texto não é uma defesa de ação internacional contra o Brasil, e sim “uma discussão teórica que busca entender como funcionam as pressões externas sobre a soberania de países que têm influência sobre o futuro do planeta”.

Mas a verdade é que o Brasil corre sérios riscos de retaliação internacional caso não leve a sério as teorias científicas sobre o aquecimento global. Estas vêm sendo atacadas como invencionice, como parte de uma estratégia de internacionalização da Amazônia e, consequentemente, de exploração de seus recursos naturais por potências estrangeiras. Segundo altas patentes do Exército, o Estado brasileiro está sendo alvo de um ataque indireto de nações estrangeiras que defendem a preservação da Amazônia em favor de seus interesses pelas riquezas do país. A despeito do que possa conter de visão conspiracionista, o argumento dos militares tem sua razão de ser e deve ser levado a sério.

Para tanto faz-se necessário evitar: a) o desmatamento predatório que substitui árvores milenares por pastos sabidamente desertificadores; b) o garimpo e a mineração clandestinos e predatórios que vêm contaminando o manancial hídrico da região, transformando, por exemplo, o azul Tapajós em rio de águas barrentas e contaminadas por mercúrio; c) a invasão indiscriminada de reservas indígenas; d) a cooptação, o suborno e a violência contra os nativos; entre outras medidas.

Os próprios militares admitem que “até hoje não temos uma política para a Amazônia, não temos um órgão para cuidar da Amazônia” e, pelo visto, continuaremos a não ter. Se é verdade que a região abriga uma riqueza de US$ 17 trilhões em recursos minerais e US$ 6 trilhões em biodiversidade, é óbvio, como afirma o general Villas-Boas, que ela necessita de uma administração que leve em conta os componentes social, econômico e de segurança, este com a participação das Forças Armadas.

Infelizmente, e talvez por força de expressão, o respeitado general Villas-Boas afirma não querer “uma árvore preservada enquanto pessoas passam fome”. Mas, aí, cabe uma pergunta: quantas pessoas deixaram de passar fome com as centenas de milhões de árvores já suprimidas naquela região?