Mais ou menos datas nos estaduais: bom para quem?

Será definida hoje a fórmula de disputa do Campeonato Mineiro de 2020 e um velho debate volta à tona: a quantidade de datas para os torneios estaduais no Brasil. Na reunião prévia, nada foi definido, mas, para mim, pouco importa se for 15, 16 ou 17. Nesse calendário apertado e com clubes com diversas prioridades, tanto faz a quantidade, já que nada será resolvido para o bem de todos, que é o que deveria ser focado. Todos são, de alguma forma, prejudicados.

Para os grandes clubes, com calendários repletos, o estadual é a menor das prioridades. Atrapalha o período de pré-temporada, não é atrativo para o torcedor, tecnicamente não traz grandes desafios, coincide com o período de preparação ou jogos de competições mais importantes e o reflexo para o restante do ano é pesado, já que espreme os jogos decisivos do fim da temporada, quando o grupo está esgotado fisicamente. Isso sem falar na genialidade que é vista por aqui, que é a coincidência de jogos em Datas Fifa. 

Já em relação aos pequenos, restringir o calendário de vários clubes em apenas 15, 16 ou 17 datas é uma crueldade. Não tem como planejar um clube de futebol para atuar em tão pouco tempo. No caso dos estaduais, o pequeno do interior vai receber a visita de um grande, que nem sempre leva sua equipe principal, em partidas que não atraem ótimos públicos. 

O reflexo é a montagem de um elenco com data marcada e pouquíssimas perspectivas. Uma vaga na Série D do Brasileirão do ano seguinte, competição que vai começar muito tempo depois e que, certamente, será disputada por um outro elenco, já que aquele que disputa o estadual é desfeito logo depois. Em tão pouco prazo de disputa, não é fácil conseguir patrocinadores.

O ideal era ter um calendário anual para todos os clubes. Com espaço para que não exista a coincidência com jogos em Data Fifa, com pré-temporada ideal para todos e um período de férias decente, com Brasileirão estendido e outros torneios durante todo o ano que incluam os menores. Hoje, é ruim para todos. Os pequenos precisam jogar toda a temporada, não durante apenas três ou quatro meses, o que pode levá-los à extinção. Esse deveria ser o foco do debate que antecede os estaduais, não se vão ter 15 ou 16 datas.