Memória

O adeus a Beckenbauer, o homem que mudou o jeito de ser líbero

Alemão, lenda do futebol mundial, mudou também a história do Bayern de Munique

Por Frederico Jota
Publicado em 08 de janeiro de 2024 | 15:13
 
 
Cruyff e Beckenbauer, dois gênios da bola, pouco antes da épica final de 1974 Foto: Divulgação/Fifa.com

O mundo do futebol nem tinha começado a se recuperar do adeus a Zagallo quando chegou a notícia da morte de Franz Beckenbauer. Em comum, além do carimbo de lendas do futebol, ambos foram campeões do mundo como jogadores e treinadores - além deles, só o francês Deschamps repetiu o feito, em campo e no banco de reservas. O legado deles é enorme. E, dentro das quatro linhas, Beckenbauer deixou marcas que podem ser conferidas até hoje.

O alemão foi o esteio da transformação do Bayern de Munique de um clube modesto em uma máquina que iniciou uma dominação não só local, na Alemanha, como continental. E foi o comandante germânico na conquista da Copa do Mundo de 1974. Um líder dentro e fora de campo.

Capitão, já exercia sua liderança desde sua primeira Copa, a de 1966, quando foi vice-campeão. Em 1970, heroico, jogou com a clavícula quebrada. Durante esse período em que cresceu no futebol e chegou ao topo, ele transformou o jeito de um líbero jogar.

Era mais do que o jogador que atuava atrás da linha de defesa. Seu sentido de colocação, deslocamento e conexão com os demais setores da equipe, além de uma grande habilidade e categoria, o faziam se deslocar pelo gramado com uma enorme qualidade. São poucos os que, jogando nesta posição, seguem com o nome na lista dos maiores de todos os tempos. É raro. Ainda mais em um esporte que, normalmente, coloca no olimpo atacantes que empilham gols.

A visão de jogo e o entendimento do esporte como um todo fizeram com que Beckenabuer fosse decisivo para a organização da Copa de 2006 na Alemanha, já como um dirigente respeitado e que já tinha levado, como técnico, os alemães em duas finais de Mundiais - as duas únicas que esteve no banco. Um título e um vice.

Para completar, foi o dirigente máximo do Bayern. Dentro de campo, levantou três Champions (então Copa dos Campeões), em 1974, 75 e 76. Fora de campo, o presidente ainda levantou mais uma taça, em 2001. E manteve sua influência no clube e no futebol alemão atuando nos bastidores. Uma liderança discreta e eficiente. Dentro e fora dos campos. Um dos maiores da história do futebol.