Um dos eventos mais esperados pela torcida cruzeirense e também pela imprensa, ávida por respostas do novo dono do Cruzeiro, Ronaldo, foi, enfim, realizado. O ex-atacante concedeu nesta terça-feira (11) sua primeira coletiva, com perguntas gravadas anteriormente por representantes de diversos órgãos de imprensa. E, se for para definir um tom, dá para dizer que foi o de sinceridade.

Uma curta entrevista, de meia hora, foi o suficiente para Ronaldo expor suas preocupações. Por mais que não tivesse respostas definitivas sobre cada assunto, foi bem claro ao responder cada questionamento. "Em cada gaveta que abrimos no Cruzeiro, encontramos uma nova dívida", ele afirmou, ainda entendendo onde está colocando os pés. Falou de um orçamento previsto para o ano, mas sem receitas para executar. Mais direto, impossível. Logo, como era previsto, o orçamento foi reduzido. 

Para Ronaldo, o Cruzeiro é um “paciente em estado grave, na UTI, mas que nós estamos oferecendo o tratamento necessário”  e que vai precisar de um a dois anos para encontrar o equilíbrio. Foi um choque de realidade para a torcida, que chegou a sonhar em investimentos diretos assim que foi anunciada a compra dos 90% por parte do Fenômeno.

A torcida terá um papel fundamental nessa reconstrução e Ronaldo foi bem sincero ao opinar sobre a quantidade atual de sócios do clube. “Encontramos o Cruzeiro com apenas 10 mil sócios. Hoje, estamos com 15 mil sócios. Ainda acho muito baixo para a grandeza do clube. O torcedor espera uma reação, e a reação chegou”, ressaltou.

Pensando com os pés no chão, Ronaldo disse que terá muito trabalho pela frente e não descartou ações impopulares, como a saída de Fábio, mas que são necessárias para o reerguimento do Cruzeiro. Para solucionar os problemas, que não são poucos, o eterno camisa 9 foi didático ao citar alguns pilares para a reconstrução: “gestão eficiente, planejamento de marketing e apoio da torcida”.

Confira a coletiva na íntegra:

O Fenômeno deixou claro que está longe de desistir do projeto e que está ainda tateando a situação, “descobrindo o tamanho do buraco”. Sabe que tem uma dívida de transfer ban que não pode ser ignorada e que deverá pagar uma parte ainda neste mês de janeiro. E, claro, não descarta, ainda assim, fazer uma equipe competitiva para atingir seu maior objetivo, que é voltar para a Série A. Para isso, vai ter que buscar novas receitas para fazer o clube funcionar.

Ronaldo se assustou com o tamanho da dívida e foi importante ter deixado isso bem claro. Ele não deixou de dizer que era pior do que imaginava e reafirmou que, na gestão dele, vai gastar só o que arrecada. Básico, mas necessário.

“Precisaremos de um a dois anos”. Essa frase pode causar calafrios na torcida estrelada, mas é um sinal de que é preciso ter o entendimento do momento para saber que esse período de reconstrução deve durar um período maior do que o torcedor deseja. Ronaldo, criticado nas ruas na semana passada pela torcida, após a saída de Fábio, deu as caras, falou das feridas abertas e, mesmo que não tenha respostas para todas as questões, deu um norte, uma direção sobre o que virá pela frente. Essa sinceridade era necessária. Que tenha tranquilidade para tocar o projeto e ajudar a tirar o clube do buraco onde se meteu.