No século XVII, os bandeirantes exploraram o território que se tornaria Minas Gerais, mas, apenas no dia 16 de julho de 1696, Salvador Fernandes Furtado fixou-se junto a um riacho, em que afloravam muitas pepitas de ouro. Denominou-o ribeirão do Carmo, e a aglomeração ficou conhecida por Arraial de Cima do Ribeirão do Carmo.

Em 1709, o governador Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho estabeleceu-se ali, pois o povoado tinha-se tornado importante centro comercial em área de intensa mineração, que abrangia o Arraial Padre Faria, fundado em 1698 e conhecido, logo depois, por Vila Rica. O primeiro foi definido como capital da Capitania de São Paulo e Minas do Ouro, embora São Paulo do Piratininga continuasse como sede administrativa. Elevou-se a vila em 1711, com o nome Vila de Albuquerque, mas dom João V alterou para Vila Real do Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo, no dia 14 de abril de 1712.

A criação da Capitania de Minas Gerais, em 1720, promoveu a instalação do aparato político-administrativo em Vila Rica, justamente na época em que se contestava intensamente a cobrança de impostos sobre o ouro e outros produtos que propiciavam à Coroa portuguesa imensa riqueza oriunda de sua colônia mais promissora. A Vila do Ribeirão do Carmo não iria perder seu brilho como locus especial de povoamento na região das minas.

Assim, o rei dom João V pediu ao papa Bento XIV que criasse uma diocese ali, e isso foi feito pela bula “Candor Lucis Aeternae”, no dia 6 de dezembro de 1745. Tratava-se da sexta diocese na colônia, formada por desmembramento da Diocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, abrangendo 40 paróquias e 300 mil habitantes. Como isso acarretava prestígio para a comunidade, a vila tornou-se a cidade Mariana, em homenagem à rainha Maria Ana D’Áustria. O monarca queria que ela fosse bela; determinou, então, que o engenheiro militar José Fernandes Pinto de Alpoim fizesse um projeto urbanístico, uma medida extraordinária no século XVIII. O primeiro bispo, dom Frei Manuel da Cruz, assegurou a instrução de homens, fundando, em 1750, o primeiro colégio de Minas Gerais, o Seminário Maior de Mariana. Em 1849, dom Antônio Ferreira Viçoso promoveu a instalação da primeira Casa de Educação Feminina da Província, o Colégio Providência.

Tudo isso registra a proeminência de Mariana na história de Minas Gerais e justifica a celebração dos 270 anos da criação da diocese, que se tornou arquidiocese pelo documento pontifício do papa Pio X “Sempiternam Human Generis”, no dia 1º de maio de 1906.

Infelizmente, a efeméride está transcorrendo em meio ao sofrimento dos marianenses, que foram afetados, direta ou indiretamente, pelo rompimento da barragem de Fundão, um mês atrás.

Precisamos trabalhar em defesa do município, para que ele redefina suas atividades econômicas, garantindo futuro melhor à população. Seus tesouros inspiram o turismo, que traz muitas divisas enquanto cobra preservação ambiental.