LAURA MEDIOLI

Black fria

Com essa confusão toda nas lojas, minha Black Friday foi pela internet, rezando para que as mercadorias cheguem

Por Laura Medioli
Publicado em 08 de dezembro de 2019 | 03:30
 
 
Intervenção sobre foto de Miguel Schincariol/AFP

Cláudia, minha cozinheira, vem me contar, divertida, a fria em que se meteu no último fim de semana. Tudo por causa de determinado xampu em promoção na Loja Rede, no centro da cidade. Viu no anúncio e foi atrás.

Da esquina, vendo a confusão, pensou em desistir, mas, curiosa, se dirigiu à porta. Pra quê! De repente, se viu arremessada para dentro, empurrada por uma multidão de mulheres, gritando todas ao mesmo tempo. Lá dentro não se entendia nada, vendedoras desorientadas, prateleiras inatingíveis, ela tentando sair do recinto sem conseguir. Um passo pra frente e três pra trás. Empurrada, espremida, desorientada. No meio da confusão, segurava a bolsa com força, antes que ela e seu celular sumissem em meio ao caos. Depois, finalmente, livre e já em casa, vem me contar, rindo, a sua experiência.

– Laurinha! Tudo por causa de um xampu! Nunca mais quero saber dessa tal de Black Friday.

Claro que, se o povo corre atrás, principalmente em época de vacas magras – ou melhor, de vaca nenhuma, já que estão todas indo pra China –, é porque deve valer a pena.

Só não vale é fazer besteira, como comprar só porque está barato. Brasileiro adora fazer isso. Depois, arrependido, nem sabe o que fazer com o que comprou.

Tipo aquela última sandália linda da vitrine com preço irresistível.

– Acabou o 35? Me dê o 34 então. Depois dou um jeito!

Claro que o “jeito” durou apenas um dia, com direito a gelo, pomada e esparadrapo.

Final de ano torna algumas pessoas meio insanas. A calça 38 vira a meta para o próximo ano. Ok, ótimo pensar nisso. Mas aí chegam as festas natalinas, réveillon, formaturas, congratulações etc., etc., e a que era 40 quase pula pra 42. E lá vai a 38, que comprou na promoção, direto pra gaveta do esquecimento...

Há anos compro caixas de bombons Garoto na Americanas, para presentear garis, entregadores, entre outros. Aproveitei o final de semana para adquiri-las, entre outras coisas. Mas, depois de ver a muvuca nas lojas, decorrente dos superdescontos, desisti. Fui pro Carrefour, onde filas quilométricas também me aguardavam.

Pela imprensa, vejo que a confusão foi no país todo. Em alguns comércios, com direito a empurra-empurra, pancadaria, roubos e outras badernas. Não me lembro de uma Black Friday ter causado tanta procura como neste ano. O que é um bom sinal para a economia, pois, com desconto ou sem desconto, as pessoas voltaram a comprar.

Com essa confusão toda nas lojas, minha Black Friday foi pela internet, rezando para que as mercadorias cheguem! Porque corre-se o risco de comprar e nunca receber o que pagou. O que, infelizmente, já me ocorreu. E vai aí o meu recado: não passe raiva em tempos natalinos e de 13º; se optar pelas lojas virtuais, compre apenas em sites comprovadamente idôneos, ok? Boa sorte.