Leandro Cabido

Comentarista esportivo da rádio Super Notícia 91,7 FM, escreve sempre às quintas-feiras

A sina do calendário mal-elaborado

Publicado em: Ter, 20/11/18 - 02h00

Mais uma vez, venho usar este espaço para reclamar do calendário brasileiro. Simplesmente não dá para entender (ou dá, mas deixemos isso para lá por enquanto) por que a Copa do Brasil não é definida no fim da temporada, assim como a Copa Libertadores e também o Campeonato Brasileiro. Pelo segundo ano consecutivo, vemos o Cruzeiro jogar fora dois meses do ano em razão dos títulos em cima de Flamengo e Corinthians, respectivamente.

Para deixar claro, a Raposa é a menos culpada disso, mas deveria ficar esperta, porque o clube perde muito em vários aspectos, como projeção dentro da própria Série A e rendimentos financeiros provenientes de uma equipe em ação de fato (bilheteria, ações de marketing e outros).

Isso me remete aos anos 90 e início dos 2000, quando os clubes eliminados na primeira fase do Brasileirão caíam em outubro e basicamente não faziam nada até o fim da temporada. Hoje, o clube de Primeira Divisão precisa estar ativo para se manter – e claro, para justificar os altos salários dados a seus atletas.

Voltando ao Cruzeiro, um clube extremamente competitivo e que a própria torcida está acostumada a vê-lo no pelotão de frente de qualquer competição, perde-se realmente o foco quando nada se disputa. Como convocar o torcedor para comparecer ao Mineirão se os próprios jogadores e Mano Menezes estão pensando em 2019?

Minha solução para que haja uma dedicação maior à principal competição do futebol brasileiro seria colocar a decisão da Copa do Brasil no meio de semana entre as últimas rodadas. Assim, obrigaria as equipes que estão na final a jamais desfocar do Brasileirão, uma vez que a briga por vagas na Libertadores provavelmente ainda estaria em aberto.

É o que faz o Atlético-PR, que, mesmo com um pé na decisão da Copa Sul-Americana, se vê obrigado a se manter focado no Nacional, já que a participação na Continental no próximo ano ainda não foi assegurada. Lembrando que o clube de Curitiba briga ponto a ponto com Atlético pela última vaga para a Libertadores via Brasileirão. Caso o Furacão vença o torneio da América do Sul, em dezembro, abrirá mais uma vaga para o nosso campeonato. Então, há duas frentes prioritárias na equipe do Paraná em razão óbvia de calendário.

Outro exemplo interessante, mas pensando com mais ousadia, é o Palmeiras, que pode ser campeão brasileiro pela décima vez amanhã à noite. A equipe lutou em três frentes ao longo do ano – caiu para o próprio Cruzeiro nas quartas de final da Copa do Brasil, foi eliminado pelo Boca Juniors na semifinal da Libertadores, mas se manteve vivo no Brasileirão. Além do planejamento bem-executado e orçamento elevado, a equipe de Felipão conseguiu trabalhar bem o elenco para contornar alguns problemas que nosso futebol sempre proporciona.

Por mais que os estaduais sejam tradicionais, chegou a hora de pensarmos em outro modelo. Ainda acredito que, começando todas as competições no início da temporada, e elas se espalhando ao longo do ano, seja o melhor. Na verdade, assim que é praticado em qualquer lugar do mundo, menos em nosso país. Estariam todos errados e nós, certos?

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