O amor foi substituído por objetos e o prazer de consumir

A materialidade do Papai Noel e a espiritualidade do Menino Jesus

Redação O Tempo

Por Da Redação
Publicado em 27 de dezembro de 2013 | 03:00
 
 
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Um dia, o Filho de Deus quis saber como andavam as crianças que outrora, quando Ele andou entre nós,“as tocava e as abençoava” e das quais dissera: “Deixai vir a mim as criancinhas porque delas é o Reino de Deus” (Lucas, 18,15-16).

Chegou à Terra, umas semanas antes do Natal, e assumiu a forma de um gari que limpava as ruas. Entristeceu-se sobremaneira porque verificou que quase ninguém seguira as palavras que deixou ditas: “Quem receber qualquer uma dessas crianças em meu nome é a mim que recebe” (Marcos 9,37). E viu também que já ninguém falava do Menino Jesus. O seu lugar foi ocupado por um velhinho bonachão, vestido de vermelho, com um saco às costas e longas barbas. Diz-se que veio de longe, montado num trenó puxado por renas. As pessoas haviam se esquecido de outro velhinho, este verdadeiramente bom: são Nicolau. De família rica, dava pelo Natal presentes às crianças pobres, dizendo que era o Menino Jesus que os estava enviando.

Tão triste como ver crianças abandonadas nas ruas foi perceber como elas eram enganadas, seduzidas pelas luzes e pelo brilho dos presentes, dos brinquedos e de mil outros objetos que os pais e as mães costumam comprar como presentes para ser distribuídos por ocasião da ceia do Natal.

O Menino Jesus, travestido de gari, deu-se conta de que aquilo que os anjos cantaram de noite pelos campos de Belém – “Eis que vos anuncio uma alegria para todo o povo, porque nasceu-vos hoje um Salvador... Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade” (Lucas 2,10-14) – não significava mais nada. O amor tinha sido substituído pelos objetos, e a jovialidade de Deus, que se fez criança, tinha desaparecido em nome do prazer de consumir.

Triste, antes de voltar ao céu, deixou escrita uma cartinha para as crianças. Foi encontrada debaixo da porta das casas e especialmente dos casebres dos morros da cidade:

“Meus queridos irmãozinhos e irmãzinhas, se vocês, olhando o presépio, virem lá o Menino Jesus e se encherem de fé de que ele é o Filho de Deus Pai que se fez menino, e que Ele é o Deus-irmão que está sempre conosco;

Se vocês conseguirem ver nos outros meninos e meninas, especialmente nos pobrezinhos, a presença escondida do Menino Jesus nascendo dentro deles;

Se vocês fizerem renascer a criança escondida nos seus pais e nas pessoas adultas;

Se vocês, ao olharem para o presépio, descobrirem Jesus pobremente vestido, se lembrarem de tantas crianças igualmente pobres e malvestidas e sofrerem por essa situação desumana e decidirem mudar as coisas;

Se vocês repararem nos três reis magos com os presentes para o Menino Jesus e pensarem que até os reis reconheceram a grandeza escondida desse pequeno menino;

Se vocês, ao verem no presépio todos aqueles animais, pensarem que o universo inteiro é também iluminado pelo Menino Jesus e que todos nós formamos a grande Casa de Deus;

Se vocês olharem para o alto e virem a estrela com sua cauda e recordarem que sempre há uma estrela como a de Belém sobre vocês; se vocês aguçarem bem os ouvidos e escutarem a partir dos sentidos interiores uma música celestial;

Então saibam que sou eu, o Menino Jesus, que está chegando de novo e renovando o Natal. Estarei sempre perto de vocês, caminhando com vocês, chorando com vocês e brincando com vocês até aquele dia em que chegaremos todos, humanidade e universo, à Casa do Pai e Mãe de infinita bondade, para sermos juntos eternamente felizes como uma grande família reunida.

Belém, 25 de dezembro do ano 1”.
Assinado: Menino Jesus