Lohanna Lima

Mineira, jornalista, repórter do Super FC e da Rádio Super Notícia FM, escreve quinzenalmente às quintas-feiras

Um novo início para o futebol feminino

Publicado em: Qui, 21/03/19 - 03h00

O ano de 2019 promete ser muito interessante para o futebol feminino no Brasil. Pela primeira vez, vejo uma movimentação em vários âmbitos pela modalidade, mesmo que, em muitos casos, ainda com algum tipo de resistência. Fato é que algo vem sendo feito pelo esporte, e isso, por si só, já é motivo de comemoração. No entanto, com base em algumas circunstâncias, tenho muita curiosidade em relação ao comportamento e ao engajamento do público brasileiro com o futebol feminino a partir de agora, já que todos os clubes da Série A e alguns da Série B possuem equipes da categoria. No próximo sábado, teremos um bom termômetro, uma vez que um clássico tão tradicional em Belo Horizonte terá sua primeira edição no feminino, em um dos grandes palcos do futebol brasileiro.

Se você não sabe do que se trata, vamos lá: as equipes femininas de Atlético e América vão se enfrentar pela primeira vez no Mineirão. Pelas redes sociais, vi boa movimentação por parte da torcida feminina do Atlético para acompanhar a partida mediante a doação de produtos de higiene pessoal, que serão entregues uma ONG da capital.

É inevitável, em um primeiro momento, não comparar a diferença de mobilização entre os times masculinos e femininos. No domingo passado, o mesmo Atlético e América, no Mineirão, recebeu público de mais de 40 mil pessoas. Hoje, faltando dois dias para a partida das meninas, fico pensando em quantas pessoas estão interessadas no jogo entre as equipes. No sábado, às 10h, saberemos quantas irão, e, mais importante do que comparar um público com outro, é pensar em ações para que esse clássico ganhe ainda mais entusiastas de agora para a frente.

Na próxima quarta-feira, Atlético, América e Cruzeiro vão iniciar a participação na Série A2 do Campeonato Brasileiro, e posso garantir que pouca gente sabe do começo da competição. E isso se deve a diversos fatores, sendo que um dos principais é a falta de espaço nos veículos de comunicação e a falta de transmissão dos jogos – seja por emissoras ou pelos canais dos próprios clubes.

Essa demanda é nova para nós da imprensa também, e cada veículo tem pensado (ou não) na melhor maneira de acompanhar e de dar espaço a essas meninas, mesmo com tanta escassez de informações sobre os jogos.

Fora daqui. No último fim de semana, Barcelona e Atlético de Madrid quebraram o recorde de público de uma partida de futebol feminino ao jogarem para mais de 60 mil pessoas no Wanda Metropolitano Stadium.

Neste ano, teremos a Copa do Mundo de Futebol Feminino sendo transmitida pela TV aberta pela primeira vez. Para a edição de 2023, houve recorde de países candidatos a sediar o evento, tendo o Brasil como um dos interessados.

As coisas estão sendo feitas, e vejo a evolução da modalidade como algo natural em um trabalho de formiguinha que vem sendo desenvolvido. Resta saber como o público vai receber a modalidade neste início. Sábado teremos uma primeira experiência, com Galo e Coelho. Seja lá qual for o placar, o que importa é que nessa quem ganha é o futebol feminino.

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