OTÁVIO GROSSI

O cérebro do atleta: Um novo sapiens

'A história humana coleciona esforços para tentar explicar o mundo, a vida em sociedade e a forma como nos posicionamos frente a tudo isso.'

Por Da Redação
Publicado em 06 de setembro de 2021 | 03:00
 
 

É muito curioso como na natureza é possível encontrar exemplos para a nossa vida emocional. As estações ensinam os ciclos. A variação do calor e do frio nos antecipa nossas variações. A água aponta a importância da hidratação e do que nos nutre. Os brotos, as flores apontam para o que deixamos florescer na vida. A partir das conexões com o universo, aprendemos a nos comunicar com o mundo, com as coisas, com as pessoas e com nós mesmos! E isso remonta a milhares de anos.   

A história humana coleciona esforços para tentar explicar o mundo, a vida em sociedade e a forma como nos posicionamos frente a tudo isso. De explicações fantasiosas a descobertas científicas, analisamos e tentamos dominar o mundo. Esses esforços também tentaram moldar os comportamentos, sentimentos e relações.

Dos sapiens aos neandertais, nós reinventamos a vida. Criamos e reforçamos padrões de comportamentos pelas emoções. Mas os mistérios do cérebro e do controle dessas emoções ainda são a prova do enigma que é o ser humano. 

Nas Olimpíadas vimos estampados nas faces dos atletas a superação, a disciplina e o impacto da emoção nos resultados finais. A mente do atleta ensina caminhos curiosos para o controle das emoções. Quando atletas de alta performance são pesquisados, é possível dizer quais fatores levam um ou outro a alcançar melhores resultados? O que influencia de verdade o rendimento do atleta? São as horas de treino? A qualidade da alimentação? A força da equipe? Os recursos tecnológicos disponíveis? 

Ao acompanhar atletas, vejo a importância do treinamento da mente. Atitudes emocionais maduras podem determinar tudo.  É a mente que controla a ansiedade e fortalece a confiança. Mas onde começa a transformação do atleta? Por onde você pode começar o trabalho para o domínio das emoções? Tudo começa pela percepção da rapidez com que captamos as emoções de outras pessoas e as assumimos como se fossem nossas. 

O problema é que a maioria de nós é altamente suscetível às emoções de outras pessoas, o que significa que até o menor fator externo pode afetar nosso desempenho. Mas podemos aprender como evitar as emoções de outras pessoas, tornando-nos melhores em controlar as nossas próprias. 

Há três estratégias. A primeira é a avaliação cognitiva, que diz que a experiência de uma emoção é na verdade você avaliando se sua situação atual está alinhada com seus objetivos ou expectativas.

Então, calibre as suas expectativas. Se uma coisa não é como você esperava, perceba sua emoção e o que lhe provoca incômodo. A segunda: percepção fisiológica, que trata das emoções que inconscientemente atribuímos às mudanças físicas em nosso corpo.

É preciso ler esses bioindicadores. Falo disso em meu livro “Conquistas Autênticas”. O que sentimos sempre volta como um sinal. Sobrepomos nossa percepção fisiológica de nossas experiências passadas à nossa situação atual e, mais forte, avaliamos as emoções dos outros a partir da nossa. Isso porque a parte do cérebro que processa a emoção e a memória – o sistema límbico – é considerada um sistema de ciclo aberto, ou seja, é influenciado por fatores externos. A terceira: aceitação é a estratégia de regulação da emoção. Isso significa que o que você pensa muda tudo. Aprenda a aceitar um momento pelo que ele é, e não pelo que você quer que seja.  

É isso, torne-se autoconsciente de quando você é emocionalmente acionado por outra pessoa ou evento. E, uma vez que você tenha se tornado consciente de seus pensamentos, emoções ou sensações físicas, você será mais livre. A medalha para a mente do atleta, para o pódio do primeiro lugar de si mesmo, está a um passo! 

Boas escolhas.