A leitura deste artigo, certamente, virá junto com outras tantas notícias deste momento, sempre histórico, das eleições em nosso país. Todas as vezes que nosso povo se mobiliza, sai de suas casas e transforma sua voz em voto, um sentimento de esperança me arrebata. A organização de um povo e o sucesso dessa estratégia passa, inegavelmente, pelo respeito, pelo direito e pela convergência de uma vontade coletiva expressa nas eleições e nas urnas.
A democracia, mesmo que ainda com passos incertos, vem ganhando musculatura no Brasil, e qualquer tentativa de destruir as instituições de voz e organização social deve ser renegada. O momento pede responsabilidade, compromisso e esperança. Necessitamos de comportamentos de respeito, de diálogo e de construção. Precisamos observá-los como sociedade para atuarmos como educadores na transformação ou no aprimoramento deles.
Encantei-me pelos estudos da psicologia a partir da observação dos comportamentos. Interagimos com o ambiente, com as pessoas, com as coisas e conosco e respondemos, ou seja, nos comportamos. Para essas ações, trazemos nossas bagagens, nossos exemplos que nos reforçaram. Interações que geraram aprendizado – de forma coercitiva ou não –, deram a base e nos ajudaram a construir respostas para tudo. A análise destas formas, destes caminhos de resposta, é a chave de compreensão para uma vida mais autônoma, em que votamos, antes de tudo, pela liberdade e respeito. Esse objeto de estudo da psicologia recruta meu coração e mente.
Portanto, responsabilidade, compromisso e esperança podem significar um caminho. Estas três ideias expressas são, antes de tudo, sentimentos. Mas sentimentos vistos de uma forma diferente. Não aquela ideia de sentimentos como “ fenômenos mentais, abstratos, que ficam armazenados dentro de algum lugar oculto da mente humana: quando alguma coisa externa os evoca, eles saem de seu reduto e se expressam publicamente. Se algum fato provoca uma irritação na pessoa, a raiva, até então acomodada, aparece através de gestos de agressividade e palavras rudes”. Mas sentimentos que evocam um contexto social, um cenário, uma forma de validação de um povo e os expressamos em nossas posturas corporais, na forma de falar e de acolher.
Na visão moderna que a psicologia tem a respeito dos sentimentos, estes não existem sem uma manifestação corporal correspondente. Se uma pessoa está ansiosa, ela tem alterações no ritmo de batimentos cardíacos, na frequência respiratória e na pressão arterial. Há componentes corporais respondentes e operantes nos sentimentos e nas emoções. O corpo age, o corpo expressa, o corpo fala e, assim, ele manifesta os sentimentos.
Os sentimentos de responsabilidade, compromisso e esperança não são manifestações da mente do indivíduo, mas são estados corporais associados com eventos ambientais, sociais ou físicos que os desencadeiam. Que, nestes momentos de eleição, nossos comportamentos reforcem o respeito, o diálogo e a união, não a divisão e a raiva. Observe a sua postura e atue nela.
O título deste artigo quer parafrasear um texto curioso e profundo sobre a análise do comportamento humano, do prof. Hélio José Guilhardi, do Instituto de Análise de Comportamento. O artigo pode ser lido na obra “Comportamento Humano – Tudo (ou Quase Tudo) que Você Precisa Saber para Viver Melhor”, organizado por Maria Zilah da Silva Brandão, Fatima Cristina de Souza Conte e Solange Maria B. Mezzaroba.
Faça boas escolhas.
*Otavio Grossi é filósofo, mestre em psicologia, psicopedagogo de autistas e mentor de empresários. É autor de “Conquistas Autênticas”, da Edições Candido (RJ). É colunista fixo do jornal O TEMPO e participante do programa Interess@, às segundas-feiras, na rádio Super 91,7 FM.