Meu trabalho como terapeuta de atletas me proporciona estar ao lado deles em momentos de muito crescimento pessoal e técnico. O Brasil Ride é um destes eventos onde toda a preparação vem à tona.

No mês de outubro, o Sul da Bahia acolheu a principal stage race premium de mountain bike do mundo! Os bikers largaram de Porto Seguro-Arraial d'Ájuda, onde os primeiros portugueses aportaram no Brasil, em 1500. Os atletas seguiram em direção ao interior percorrendo as montanhas que dividem os Estados da Bahia e Minas Gerais, e voltam ao litoral. São sete dias em um cenário perfeito para a maior experiência de suas vidas!

Nesta semana ouvi de um dos atletas mais promissores do esportes, Felipe Sales, a sua narrativa do desafio: e um metáfora da vida Grossi! Ele dizia: "A largada define o momento que não tem mais volta. O esforço, a dedicação e o empenho são colocados à prova. Convivemos com o melhor e com o pior do ser humano quando se busca apenas a vitória. Não a evolução. A decepção com atitudes que descontroem o esporte. Empurrões, passadas para trás com o objetivo de prejudicar retiram do esporte um dos seus maiores objetivos: a superação".

“Em uma prova onde tudo pode dar errado, o ponto definidor é na verdade como vamos nos comportar em relação aos momentos de crise competindo. Para se obter sucesso nos sete dias de briga é preciso lidar com as mais diversas situações, desde problemas mecânicos graves a conflitos pessoais, e por isso o processo de autoconhecimento é importante para que você saiba como reagir de maneira acertiva quando esses casos lhe ocorrerem”, diz o atleta de 25 anos.

A estrutura disponibilizada pela organização fornece aos competidores pontos de hidratação, alimetação, acampamento, suporte técnico e médico para que os atletas se preocupem somente com o que mais gostam de fazer, pedalar. Cada dia de prova tem em média 80 a 100 quilômetros do mais puro mountain bike.

O verdadeiro desafio desta prova não está só em vencer, mas no autoconhecimento, viver o esporte, superar os limites e chegar o mais próximo da natureza que se pode estar. Lado a lado, os amantes do esporte e as estrelas do MTB nacional e mundial realizarão esta jornada pelo coração do Brasil.

Uma disputa desta é uma metáfora da vida. Guimarães Rosa nos ilumina: viver é decepcionar-se e desmisturar-se. Decepcionar pois a evolução chega em tempos diferentes a cada um. Desmistura-se pois quanto mais aceitamos os limites dos outros mais nos empenhamos em nossa evolução! Fico feliz e orgulhoso quando escuto de um atleta como João Paulo uma compreensão madura da vida. Não que ele julgue ninguém, nem que se sinta superior. Ele está a caminho e empenhado. Mas a conclusão gela: tem gente que não tem nada... só a medalha! Que busquemos muito mais do que as medalhas, que a parceira, o respeito o trabalho em conjunto. Somos o que construímos internamente! Simples assim. Tem gente que não tem nada: só dinheiro! Tem gente que não tem nada, só poder. E parafraseando o cantor: viver é superdifícil, a essência não está na superfície! Boas escolhas.