Paulo César de Oliveira

A hora é de união

Superar a crise econômica dependerá do esforço de todos

Por Da Redação
Publicado em 23 de junho de 2020 | 03:00
 
 

Bem, ultrapassamos 50 mil mortes e contabilizamos mais de um milhão de infectados – isso, oficialmente, embora se saiba que os números podem ser maiores. A pandemia não era, portanto, uma “gripezinha”, como muitos nos tentaram fazer crer. Esta, queiram ou não, foi uma guerra que perdemos, por mais que, para aplacar nossa consciência, façamos o possível para esquecer nomes e transformar cada vítima num número apenas. Ainda temos pela frente o que o ministro Paulo Guedes define como segunda etapa da crise: a econômica.

Mais do que do governo, precisaremos de nosso próprio esforço para reerguer uma economia que, contraditoriamente, tem números catastróficos, embora sinalize capacidade de recuperação em alguns setores. Isso nos impõe a obrigação de acreditar com a prudência dos realistas, mas sem o alarmismo dos tóxicos negativistas. Temos potencial de recuperação, mas precisamos ter a ousadia cautelosa.

Não será da noite para o dia que conseguiremos voltar ao patamar de antes da pandemia. Um patamar que, como todos sabem, já não era nada confortável. Mas começávamos a vencer a inércia e iniciar o caminhar adiante. Retrocedemos, perdendo terreno que avançamos e dando alguma recuada. Mas ainda estamos sobre os trilhos. É de onde estamos que temos que dar a arrancada. Lenta, mas firme. Simples? Não. Essa tarefa vai nos exigir sacrifícios, inclusive, para os mais recalcitrantes, o da tolerância, da compreensão de que o momento é de superar divergência na busca da convergência.

Pobreza absoluta

Não se pretende unir opostos, um discurso de quem, na verdade, quer apenas impressionar os incautos. As projeções dos organismos mundiais indicam que perto de 80 milhões de pessoas estarão, pós-pandemia, em estado de pobreza absoluta. Grande parte disso no Brasil. É preciso pensar nesse contingente que, premido pelas necessidades, torna-se presa fácil dos populistas e potencialmente agressivos. Retomar desenvolvimento, gerar empregos e renda o mais rapidamente possível passa a ser o necessário compromisso de todos.

A hora certamente não é própria para a ganância do lucro fácil, assim como não é para o discurso populista de direita e esquerda das soluções milagrosas. É preciso começar a trabalhar com seriedade rapidamente. As reformas que se pretende são, sim necessárias, mas não são a panaceia para solução imediata de nossos males. Vão, sim, mudar o país, mas no longo prazo. Não podemos esperar por isso. Precisamos iniciar hoje se possível – já devíamos estar fazendo isso – a discussão de um projeto pós-pandemia. Vamos disputar espaço com o mundo e não estamos preparados para isso.

Recuperação

É na busca de uma saída que toda a sociedade precisa se concentrar. Essa não é uma tarefa apenas para os políticos. Somos todos parte da solução, assim como, até aqui, temos sido causa do caos vivido pelo país. No mínimo contribuímos para ele com nossos votos inconsequentes que levaram ao poder, em todos os níveis, quem nunca poderia ter chegado lá.

Mas não temos agora tempo para lamentações. É preciso recuperar o tempo perdido. É preciso colocar o trem para andar e ir à frente, construindo a linha, implantando os trilhos para não deixar que ele descarrile novamente ou se dirija definitivamente para o abismo de nossa incompetência.