Paulo César de Oliveira

Paulo César de Oliveira

O jornalista e empresário escreve às terças-feiras

OPINIÃO

Lula pensa no quarto mandato

Carência de lideranças políticas

Por Paulo César de Oliveira
Publicado em 07 de maio de 2024 | 04:10
 
 
 
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É preocupante, quase assustador mesmo, a carência de lideranças reais na vida política brasileira. O quadro se agrava com a radicalização e a mistura estratégica de política e religião, um jogo que visa exatamente impedir o surgimento de lideranças novas, mantendo, até quando não se sabe, a disputa entre Lula e Bolsonaro, agora, e direita e esquerda, por anos a fio.

Não se enxerga no horizonte próximo o surgimento de nomes com reais capacidades de liderar um movimento de mudança política no país. Os que vão despontando, apesar de sufocados, e até aqui são nomes ligados ao que se convenciona chamar de “direita”, são insípidos e que certamente terão dificuldades em decolar numa disputa nacional. Pelos lados da esquerda, nem isso. Lula ainda permanece como único nome do grupo, apesar de todo o seu desgaste junto ao povo, mesmo nas camadas mais pobres.

Lula “perdeu o charme” com suas trapalhadas e o esvaziamento dos sindicatos e das lutas políticas pela liberdade democrática. Lula perdeu o apelo popular com as denúncias de corrupção envolvendo seu nome e seu partido. Se Lula perdeu, Bolsonaro, o adversário escolhido, tem sido impulsionado por grupos ditos à direita, que usam e abusam da religião. São esses grupos que organizam e lotam as manifestações pró-Bolsonaro e que deverão comandar a campanha e, em caso de vitória, um possível novo governo.

Bolsonaro, que precisa superar primeiro sua inelegibilidade, se vencer, será para governar tão dependente dos grupos religiosos quanto Lula, hoje dependente também dos espertalhões que se dizem de centro. E não há nada que indique uma possibilidade de mudança no quadro. Lula, apesar de parecer fora de órbita – lembra Joe Biden –, é candidatíssimo até por falta de opção eleitoral viável da chamada esquerda. A direita ainda poderá ter que lançar outro nome, por força da lei. Mas tenham certeza, o quadro não muda.

Neste processo, temos, correndo por fora, alguns nomes de atuais governadores – Romeu Zema (MG), Ronaldo Caiado (GO) e Tarcísio de Freitas (SP), com maior destaque –, mas com um horizonte difícil. Faltam lideranças municipais e estaduais para carregar as candidaturas entre os eleitores. Claro que alguém será eleito, mas quem quer que seja terá sérias dificuldades em seu mandato.

O ambiente político está disperso, sem unidade partidária e, por outro lado, o eleitor anda muito brincalhão, irresponsável mesmo nas suas escolhas. Basta olhar quem se senta agora nas cadeiras que já foram de gente que fez a história recente do país.

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