Paulo César de Oliveira

Desencontros prejudicam Lula

A presença de amigos no governo e o caso Petrobras

Por Paulo César de Oliveira
Publicado em 09 de abril de 2024 | 07:10
 
 
Paulo César de Oliveira Desencontros prejudicam Lulajpg Foto: Ilustração/O Tempo

O entorno dos amigos do presidente Lula está preocupado com os desencontros que andam acontecendo neste terceiro mandato. Alguns estão até com dificuldades para entender o novo estilo presidencial. 
Acostumado a governar com maioria, Lula se viu obrigado a criar novos ministérios para acomodar os partidos que o apoiam dentro do conhecido compromisso do “é dando que se recebe” (como dizia o deputado Roberto Cardoso Alves, o Robertão). 

São 38 pastas ministeriais, sendo 31 ministérios, três secretarias e quatro órgãos equivalentes a ministérios – que abrigam todo tipo de político, sendo que alguns deles até hoje nunca tiveram um despacho com o presidente. 

Para agravar o quadro da governabilidade, vive-se um intenso fogo amigo nos corredores do Planalto. Dizem que Lula gosta de ver o embate entre os auxiliares, mas essa disputa, que tem muito a ver com diferenças ideológicas e interesses pessoais, agora está tumultuando o próprio governo. Como foi o caso da briga entre o ministro de Minas e Energia, Alexandre da Silveira, e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, o que vem atrapalhando os negócios da petrolífera brasileira. Lula parece ter se apercebido do problema e tem confidenciado a alguns mais próximos que pretende fazer uma ampla reforma ministerial nos próximos dias. 

Mas isso não basta. Neste terceiro mandato, o presidente não tem conversado com empresários como fazia nos dois primeiros mandatos, quando recebia muitas sugestões, o que não vem acontecendo. A relação de Lula com as Casas parlamentares está com sobressaltos. 

A disputa por protagonismo com Bolsonaro também anda atrapalhando o governo, e o ex-presidente pretende aumentar esse clima e garante que vai atuar na sucessão municipal pelo Brasil afora. As pesquisas estão apontando uma queda da popularidade presidencial.

O ministro da Comunicação, Paulo Pimenta, até chamou sua equipe para tentar reverter o quadro, mas o que está fazendo Lula cair é exatamente os desencontros na equipe de governo como um todo.

Lula precisa agir – não com medidas demagógicas, como fez em outras ocasiões. Precisa dialogar com todos os setores da sociedade, sem privilegiar grupos, nem mesmo os religiosos, como tem sido sua preocupação.

Deixar de lado sua pretensão de ser líder mundial – no que não tem se dado bem – e buscar o diálogo interno, mas fora de palanques. Pensar em 2024 se deseja mesmo chegar bem em 2026.

Paulo César de Oliveira é jornalista e empresário