Não se pode negar que o Brasil, com o vagar das democracias, começa a mudar. Reformas que foram, e ainda são, tabus pelos sentimentos populistas que despertam começam a ser trabalhadas de forma objetiva e, é bom ressaltar, enfrentam resistências muito menores do que as que se esperavam. Os ajustes que estão sendo encaminhados darão ao país os instrumentos para controle dos déficits que roubam os recursos necessários aos investimentos tanto na produção quanto na área social. Distorções históricas começam a ser enfrentadas, de forma atabalhoada às vezes, e os sinais são de que, em Breve, teremos um país menos pesado para a sociedade, e com estruturas mais ágeis e menos burocráticas.
Nos ajustes caminhamos bem. Mas, e no desenvolvimento? Ainda não temos uma política para a retomada do desenvolvimento e muito menos para embasar o crescimento de forma sustentável. A questão não é apenas crescer. Isso, periodicamente, conseguimos fazer e até entusiasmar o povo com bons números. A questão é a sustentabilidade desse movimento. No dizer do presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o empresário Wilson Brummer, um dos mais experientes e conceituados do país, precisamos de políticas que nos assegurem competitividade sistêmica em setores como saneamento, infraestrutura rodoviária, habitação e agronegócio, capazes de respostas rápidas especialmente na geração de empregos.
O governo, defendem os empresários, precisa definir setores que tenham essa capacidade de geração de emprego e cuidar deles em toda a sua extensão. Serão eles os responsáveis pela retomada da economia. A partir daí, o país terá que definir uma estratégia de longo prazo, focada na educação. O Brasil cuidou pouco da educação de seu povo – tanto da educação quanto da escolaridade e, ficamos defasados.
Países como Coreia do Sul e China, antes de definirem rumos econômicos, investiram pesado em educação e hoje estão preparados para grandes saltos de desenvolvimento, com tecnologia e mão de obra altamente especializada. EsTa é uma meta a ser alcançada. Antes, precisamos retomar o crescimento. Depois dar-lhe sustentabilidade, o que só vamos conseguir com os ajustes em andamento e a segurança jurídica capazes de despertar o empreendedor audacioso que existe em cada empresário, hoje sufocado por um Estado burocrático e incompetente.
Mas não vamos atingir nossas metas se esperarmos ação apenas do governo federal. É bem verdade que muito, quase tudo, depende dele pelo modelo jurídico que adotamos, pela Constituição centralizadora que escrevemos. Mas governadores e prefeitos, Assembleias e Câmaras têm muito a colaborar. A começar pela mobilização da sociedade. Nada vai mudar se cada um de nós não assumir o protagonismo nesse processo. Somos, ou deveríamos ser, os beneficiários de todas as mudanças, de todos os avanços. Precisamos, por isso mesmo, nos comprometer com as mudanças. Só os ajustes não bastam. Nosso compromisso tem que ser com a retomada do crescimento. Já.