Paulo César de Oliveira

Hora de muita calma

Desacreditar as instituições enfraquece o país no mundo

Por Da Redação
Publicado em 26 de maio de 2020 | 03:00
 
 

Bem, parece que o mal está feito. O Brasil conseguiu desacreditar suas instituições. As que ainda não estão totalmente desacreditadas ainda vão chegar lá pelo insano trabalho de seus valentes soldados que estão determinados a realizar um trabalho que atribuem à vontade popular, mas que é, na realidade, em interesse próprio, mesmo que esse interesse seja apenas alimentar o ego que não conseguiram alisar por não terem chegado aonde imaginavam ser possível.

Avaliaram mal a competência. E nós pagamos por essa incompetência aliada à irresponsabilidade e à irracionalidade de outros. É possível dominar o país pela força, mas e o mundo? Globalizado, o mundo – leia aí o mundo financeiro – ficou mais arisco, menos sujeito às instabilidades dos governos. E, queiramos ou não, vamos depender do mundo para nos reerguermos. Aliás, o mundo hoje é dependente do mundo.

A crise econômica é tão intensa e atingiu a todos de forma avassaladora que os países terão que se dar as mãos para se levantarem juntos.

De nada adianta pensarmos em produzir, vender, exportar, lucrar, se nossos parceiros não tiverem superado suas crises, se não tivermos credibilidade, o que depende fundamentalmente da solidez das instituições. E nós destruímos as nossas. Jogamos lama sobre todas elas num trabalho que não nos parece fruto apenas da irresponsabilidade e do radicalismo.

Há sinais de uma orquestração, uma estratégia para fortalecer o Executivo por meio da desmoralização dos demais Poderes. Não previram o fato novo – e isso é comum nos que se sentem ungidos: a pandemia do novo coronavírus, muito mais esperto do que todos. Com ela, o mundo mudou. O mundo não se divide mais em direita e esquerda. Aliás, há muito tempo. Não há mais a vantagem de se pertencer a um grupo e ser por ele protegido. Agora, cada país terá que se credenciar pela competência, pela seriedade e pela segurança que oferece. E nós temos alguma segurança a oferecer ao mercado. Acreditamos, ou nos fazem acreditar, muito em nossas riquezas e nosso potencial. Mas isso não basta.

Riquezas há por todo o mundo. O que todos vão procurar agora é segurança. Ela não é a oferecida pelas forças de segurança, é garantida pela seriedade dos governantes e das demais instituições. Isso, a considerar os últimos acontecimentos, não temos a oferecer. Somos, infelizmente, um avião em queda.

E que não se atribua a responsabilidade da balbúrdia institucional ao nível federal. Se de lá pode-se dizer que pecam por ação, seja em ações orquestradas, seja por ação de boquirrotos e incompetentes, nos outros níveis de Poder assiste-se à irritante e quase abjeta omissão. A não ser o gemido dos atacados, o que se ouve é o silêncio dos que, por covardia ou conveniência, preferem a distância, o imobilismo.

O país não pode se calar. Não se cobra a violência, o radicalismo insano. O que se cobra é o compromisso dos que assumiram o ônus da política com a estabilidade do país. Hora de levantar a voz em busca de uma saída sem traumas. Nada é inaceitável quando resultado do diálogo e do bom senso.