Paulo César de Oliveira

O preço da corrupção

Prática toma recursos essenciais ao país

Por Da Redação
Publicado em 22 de setembro de 2020 | 03:00
 
 

O jornal “O Globo” de domingo trouxe um levantamento sobre quanto a corrupção no Rio, nos últimos 20 anos, chegou a movimentar. Foram mais de R$ 6 bilhões, não incluído aí o governo de Moreira Franco – dos últimos governadores, o único que não foi preso por atos praticados no cargo, mas sim por ter pego propina no governo Temer.

A partir desse levantamento, imaginem o quanto foi movimentado pela corrupção nos últimos 20 anos em todo o Brasil? O que poderia ser feito na saúde, na educação, na segurança, na infraestrutura e até mesmo no lazer para a população mais carente com essa dinheirama que foi embolsada pelos governantes, empresários e intermediários. Com certeza o país estaria em outro patamar.

Vejam que estamos falando apenas dos governos estaduais, sem contabilizarmos a corrupção nos municipais, que certamente envolve valores menores, mas apresentam uma alta soma pelo número de municípios existentes, nem abordando a situação no governo federal, onde são cifras astronômicas.

A corrupção, não há como negar, não é um problema apenas do Brasil. O que a torna mais grave aqui é a impunidade, o conluio entre Poderes para que nada seja apurado e julgado com seriedade e rapidez. O ex-ministro Sergio Moro que, como juiz federal em Curitiba, praticamente criou a Lava Jato, referência no combate à corrupção, acabou se envolvendo na política, aceitou ser ministro de Bolsonaro, com a suposta condição de um efetivo programa de combate à corrupção e fim da impunidade.

Moro saiu, pois não consegui levar adiante sua bandeira, impedido pelo envolvimento de “cabeças coroadas do governo” com a corrupção. Alguns foram punidos, é verdade, mas a regra geral foi a manutenção da impunidade, escorada em leis e em comportamentos pouco republicanos de quem tem o poder de levar adiante processos contra corruptos, que preferem a velha prática do engavetamento, na certeza de que o melhor é não atropelar ninguém para, amanhã, não ser atropelado. É a política do “rabo entrelaçado” tão ao gosto de nossos políticos e, pelo visto, dos eleitores que não têm a coragem de fazer a mudança que, na democracia, tem que acontecer pelo voto. Até porque nossas experiências de mudanças através do totalitarismo foram frustrantes.

Em Minas temos exemplos do quanto a corrupção prejudica o povo. Até hoje, por exemplo, o metrô não saiu do lugar, mas o dinheiro da corrupção envolvendo a obra seria suficiente para sua conclusão.

Enfim, este é o país em que vivemos e que não gostaríamos para nossos netos, e que não sabemos se eles irão ver diferente. A verdade, como sempre digo, é que ninguém quer mudar nada. Por isso não muda.

Em tempo: falando aqui da corrupção como desvio de recursos públicos, mas há outras formas de corrupção, como pagar para que algo seja feito. Ou não