Paulo César de Oliveira

Pesquisa anima Bolsonaro

Apaziguamento e políticas públicas mostram resultados

Por Da Redação
Publicado em 18 de agosto de 2020 | 03:00
 
 

A última pesquisa do DataFolha mostra que o presidente Bolsonaro não tem sido afetado politicamente pela Covid-19, mesmo mantendo uma postura de descrédito quanto à gravidade da pandemia que ele já considerou uma “gripezinha” que afetaria poucas pessoas. Hoje já contabilizamos 110 mil mortes e 3 milhões de infectados, números que a população não atribui ao presidente, como tentam fazer alguns de seus desafetos.

Essa constatação do DataFolha, que surpreendeu adversários e até aliados do presidente, tem explicações políticas. Bolsonaro vinha sendo seu maior inimigo com suas atitudes intempestivas, mas, acuado pelos fatos, buscou um maior distanciamento dos mais radicais, seguindo a velha lição das raposas mineiras de que não se governa com exaltados. Eles servem para ganhar eleições, não para governar. Mais distante dos radicais, buscou apoio no centrão e conselhos dos mais sensatos, entre eles o ex-presidente Temer, e também evitou embates mais ruidosos com os outros Poderes, o que, é preciso reconhecer, era um seus passatempos favoritos.

Mais calmo, mais comedido, embora sem abandonar inteiramente o confronto para não perder a marca, o presidente tem evitado o “cercadinho” do Alvorada, lugar de tantas declarações bombásticas e desastradas, influência dos aduladores e apoiadores. A mudança de comportamento e a adoção de medidas de políticas públicas para amenizar as consequências das crises sanitária e econômica explicam essa reversão nas expectativas de aceitação do governo Bolsonaro pela população que, em sua maioria, já não contesta o fato de o governo ter um ministro provisório na área de Saúde que nem médico é.

Sem os solavancos políticos e, é preciso reconhecer também, o trabalho de governadores – entre eles João Doria e Romeu Zema – e prefeitos no enfrentamento da pandemia, o país começa a encaminhar sua recuperação. A vida começa a ser flexibilizada, e importantes setores da economia já mostram sinais evidentes de recuperação. Algumas empresas vêm demonstrando uma surpreendente retomada de suas atividades, como é o caso da Usiminas, fato exaltado pelo seu presidente Sérgio Leite, em recente café da manhã de negócios.

Em praticamente todos os segmentos econômicos, mesmo no setor serviço onde as pesquisas indicam um ritmo menor de recuperação, já é possível enxergar a “luz no fim do túnel”, trazendo a esperança de recuperação de, com certeza milhares, empresas destroçadas pela pandemia. Isso nos dá a esperança de que o Brasil, mesmo na péssima situação em que se encontra, pode voltar ao seu rumo.

No governo federal, o então todo poderoso Paulo Guedes bate de frente com outros ministros e pode deixar o barco. Não será a sua queda, que parece cada dia mais certa, que levará o país a uma situação de ingovernabilidade. O Brasil é muito maior que as pessoas. E isso sei desde que comecei a acompanhar a vida política e econômica deste país.

Mas neste tempo aprendi também que a reconstrução, ainda mais depois de um desastre social e econômico como tem sido a pandemia da Covid-19, não é obra de um governo apenas. É preciso que políticos, empresários e toda a sociedade entendam que é possível encontrar convergências nas divergências e trabalhem em conjunto pela nossa recuperação de forma rápida e indolor.