Paulo César de Oliveira

Só propostas reais

Não vale prometer mais programas sociais

Por Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2021 | 03:00
 
 

Líder não é quem faz o que o povo deseja. Líder é quem obtém apoio popular a uma proposta e comanda a sua implantação para melhorar a vida do povo. E isso nós não temos ainda. Aliás, pelo andar da carruagem, dificilmente o país terá um líder real já a partir da próxima eleição.

A disputa já começou e mostra que entre os que têm uma candidatura mais consolidada – pelo menos sem ter que superar dificuldades internas em suas legendas – não existem propostas para um governo a fim de que o país encontre uma saída para a crise atual e lance bases para um desenvolvimento consistente e duradouro. Combate à corrupção e erradicação da fome não podem ser considerados parte de um programa de governo. Dar um basta a corrupção não pode ser promessa. Honestidade não é meta a ser atingida. É obrigação de todo cidadão e, em especial, de quem tem a responsabilidade de gerir o país. Erradicar a fome, a miséria, não pode alimentar discursos demagógicos, tratando-se como se fosse uma questão isolada.

Para dizer que pretende acabar com a miséria, a fome, o candidato tem que dizer como fará isso, o que projeta para melhorar a renda e reduzir as desigualdades sociais. Não vale prometer mais programas sociais. É preciso mudar o perfil da economia e, óbvio, de seus agentes, para sermos um país mais justo. E nada sinaliza que teremos uma campanha nessa direção e, pior, que o eleitorado vá cobrar isso, que esteja disposto a debater ideias, a se engajar num projeto menos fantasioso. 

O eleitor se deixa seduzir com enorme facilidade pelo discurso demagogo, da bravata dos que dizem ter a força e a receita pronta para mudar o país e as condições de nosso povo, tudo num piscar de olhos. Os primeiros dias de campanha – ou você tem dúvida de que ela já começou? – mostram a dianteira dos falastrões. Mau sinal, mas ainda há tempo para uma reviravolta do bom senso. 

Pois é, até aqui falamos da disputa no plano federal, mas é fundamental para o país que a disputa pelos governos estaduais seja de nível elevado, de debates de propostas viáveis, sem promessas mirabolantes e sem agressões, que servem apenas para atiçar o ânimo dos radicais, úteis, sim, mas apenas nas campanhas. Os governadores têm, sim, um papel fundamental no desenvolvimento e na gestão do país. Não fossem eles e teríamos naufragado no trato da pandemia do coronavírus. Vieram dos Estados – a começar por São Paulo – as ações de enfrentamento real da pandemia. 

É preciso que as candidaturas nos Estados se apresentem com clareza ao eleitor e que tenham postura firme diante das propostas nacionais. Governadores são agentes políticos importantes num projeto nacional. Não são meros gerentes de caixas e programas estaduais. Se as escolhas para o Poder Executivo preocupam, que dizer, então, das eleições para os Legislativos?