PAULO PAIVA

A indefinição da corrida presidencial chega à reta final

‘Ex-indecisos’ se dirigem para candidaturas de Lula e Bolsonaro

Por Da Redação
Publicado em 29 de agosto de 2018 | 03:00
 
 
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Passadas as convenções e a 39 dias da eleição, as posições relativas dos candidatos nas pesquisas estão estagnadas. Metade dos eleitores mantém-se indecisa. No entanto, nas últimas semanas aconteceram movimentos indicando a polarização entre Lula e Bolsonaro. Cada um ajudando a alimentar a candidatura do outro. Os demais continuam onde sempre estiveram.

A comparação das duas pesquisas recentes do Ibope – a última realizada antes das convenções partidárias, em junho, e a primeira após a definição das chapas, em agosto – nos dá boas pistas do que os eleitores estão revelando. Apenas dois eventos altamente relevantes, que ocorrerão até meados de setembro, poderão alterar as preferências já definidas: a propaganda eleitoral gratuita, a iniciar-se na próxima sexta-feira, e a decisão da Justiça sobre o registro da candidatura de Lula.

Nas pesquisas espontâneas, em que não há sugestão de nomes dos candidatos, de junho a agosto, a indicação de Lula pulou de 21% para 28%, e a de Bolsonaro, de 11% para 15%. Dos outros candidatos, apenas Alckmin ganhou 1 ponto percentual. Como a margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, conclui-se que apenas os dois líderes das pesquisas conseguiram ganhos significativos.

O total da soma dos que declararam votar branco ou nulo com os que não souberam ou não quiseram responder caiu de 59% para 49%. Assim, houve um aumento de 10 pontos percentuais naqueles que se manifestaram espontaneamente por algum candidato. É razoável inferir que esses “ex-indecisos” optaram por Lula ou Bolsonaro, que, juntos, ganharam 11 pontos percentuais. A tendência divergente entre os dois candidatos preferidos está na rejeição. Enquanto a de Bolsonaro subiu de 32% para 37%, a de Lula caiu de 32% para 30%.

Na pesquisa estimulada de agosto estão apenas os candidatos registrados no TSE, enquanto a anterior era mais abrangente. Na lista que inclui Lula, sua taxa subiu de 33% para 37%, e a de Bolsonaro foi de 15% para 18%. A alteração de qualquer outro candidato não passou de 1 ponto percentual. Caiu de 28% para 22% a proporção dos que não optaram por algum dos postulantes. Pode-se inferir que também nas pesquisas estimuladas os “ex-indecisos” caminham para Lula, em maior proporção, e para Bolsonaro.

Quando Lula é substituído por Haddad, o nível de indecisão é maior, contudo a queda é menor, indo de 41% para 38%. Os 3 pontos percentuais acrescidos aos candidatos na pesquisa de agosto estariam somados ao índice de Bolsonaro, que aumentou de 17% para 20%. Os 8 pontos percentuais das alterações restantes originaram-se de redistribuição entre os outros candidatos. Ressalte-se que Fernando Haddad passou de 2% para 4%.

Na hipótese da aprovação do registro da candidatura de Lula, há uma possibilidade de decisão já no primeiro turno. Na pesquisa de agosto, o candidato do PT chegou a 37%, e a soma de todos os outros candidatos foi a 41%, indicando empate técnico, dentro da margem de erro. Nesse cenário, se a curva ascendente de Lula tomar um novo impulso, a eleição poderá ser decidida ainda no dia 7 de outubro.

Por fim, o resultado final poderá ser modificado se o Judiciário impedir, em tempo, a candidatura de Lula e/ou se o programa eleitoral gratuito tiver forte impacto nas opções dos eleitores. 

A chance de qualquer outro candidato depende da sorte de Lula, que, mesmo encarcerado, continua determinando o resultado da eleição.