O PIB é um indicador de produção de bens e serviços finais. Quando o PIB aumenta, significa que se está produzindo mais bens e serviços num país, numa região ou num município. Normalmente, o crescimento do PIB é uma das métricas de progresso econômico. Uma economia em recessão tem um crescimento do PIB per capita negativo ou quase nulo, como é o caso do Brasil no último quinquênio.

A renda, por outro lado, é a remuneração dos fatores que participaram na geração do PIB, a qual corresponde a salários (remuneração do trabalho), juros (remuneração do capital financeiro), aluguel (remuneração da propriedade) e lucros (valor excedente distribuído ou retido). A renda é um indicador de bem-estar social de indivíduos ou famílias, os quais, além de sua remuneração nos processos produtivos, podem receber renda de transferências das políticas sociais compensatórias do governo federal (Bolsa Família, Benefícios de Prestação Continuada etc.). A renda é o instrumento que dá às famílias acesso ao seu padrão de vida.

Essa distinção entre PIB e renda é fundamental, especialmente para avaliar as condições de vida dos habitantes de um município e acompanhar a melhoria de seus indicadores socioeconômicos. Há muitos casos em que o PIB de um município cresce aceleradamente por meio da indústria extrativa, por exemplo, mas o padrão de vida de sua população pode permanecer estagnado. Assim, muitos municípios que são líderes no indicador do PIB per capita podem apresentar indicador apenas moderado de desenvolvimento humano.

Atualmente, dispomos de uma série histórica de um indicador de emprego e renda para todos os municípios brasileiros, um dos componentes do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), criado em 2008. Esse componente é calculado por meio de estatísticas oficiais que levam em consideração: geração de emprego formal, taxa de formalização do mercado de trabalho, geração de renda, massa salarial real no mercado de trabalho formal, Índice de Gini de desigualdade de renda no trabalho formal. Um indicador de excelente padrão e de escopo multifacetado.

Quais resultados se evidenciam a partir do IFDM Emprego e Renda para os municípios brasileiros nos últimos anos? Infelizmente, não são nada favoráveis.

Na última avaliação das três vertentes do IFDM, que é um indicador de desenvolvimento humano do município, o IFDM Emprego e Renda foi o que mais sofreu com a recessão dos últimos anos; o IFDM Educação e o IFDM Saúde apresentaram crescimento, embora um crescimento decrescente, indicando que a crise também teve impactos sociais, e não apenas econômicos, nos municípios. O desempenho negativo do componente Emprego e Renda anulou o progresso observado nas áreas de Educação e Saúde no valor consolidado do índice.

A crise econômica foi tão forte nos municípios brasileiros que, mesmo que haja crescimento do IFDM Emprego e Renda a uma taxa de 1,5 %, como a que prevaleceu no bom período de 2009 a 2012, o país alcançará o nível equivalente ao de 2013 somente em 2027.

A crise significou mais uma década perdida de desenvolvimento para o mercado de trabalho formal nos municípios. E as políticas sociais compensatórias contribuíram para evitar um desastre maior no empobrecimento das populações locais decorrente do esgarçamento do tecido sociopolítico municipal.