História

Muita historia para contar

“O homem permanece vivo quando sua memoria é preservada,

Por Raimundo Couto
Publicado em 14 de dezembro de 2022 | 00:05
 
 
O jipe Candango foi produzido pela Vemag sob licença da DKW entre 1958 e 1963 Arquivo Pessoal

O M.I.A.U, que é o Museu da Imprensa Automotiva, foi criado por iniciativa do jornalista Marcos Rozen e merece ser destacado, não só pelo ineditismo, - é o único do gênero no mundo - como pela importância de preservar a história e reconhecer o trabalho bandeirante dos profissionais de imprensa que abriram as trilhas por caminhos desconhecidos e pelos quais, hoje, seguimos em nossa labuta diária de cobrir o setor automotivo no Brasil. De grande importância para quem milita nos dois lados do balcão, ou como jornalista de veículo de comunicação ou como executivo integrante da equipe de assessores de imprensa, a proposta do MIAU é eternizar, através de um rico acervo, a evolução de uma trajetória que teve inicio há 66 anos.

Viagem no tempo

Para melhor entender o significado deste momento é preciso, assim como fazemos nas visitas aos museus tradicionais, uma viagem no tempo. Vamos, agora, para o dia 16 de agosto de 1956, quando, oficialmente, foi aberto o desafio de informar ao público leitor e ouvinte um relevante acontecimento, a criação, através do Decreto 39.412 do Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), a partir do plano de metas do então Presidente Juscelino Kubitschek.

Fábricas

Naquela época a força da mídia impressa suplantava e muito todas as outras, o rádio sempre se manteve como veiculo de grande representação, mas eram os jornais os responsáveis pela integração nacional. A televisão apenas engatinhava e o “Reporter Esso”, com seu conhecido jargão, “O Primeiro a Dar as Ultimas”, era o principal noticiário televisivo.

GEIA

As edições dos jornais fechavam tarde à espera das ultimas noticias e os vespertinos circulavam na parte da tarde trazendo os acontecimentos que não foram retratados por completo nos diários. Revista, que vale o registro, apenas “O Cruzeiro”, com uma tiragem que até hoje poucas publicações similares conseguem atingir. E com toda esta pujança é que foi noticiada a chegada do GEIA, o que viria descortinar um admirável mundo novo para nosso país.

Pioneirismo

As primeiras fábricas de automóvel que seriam instaladas no Brasil trariam a reboque muitos empregos em uma extensa cadeia produtiva e um sem número de oportunidades possibilitaria a inclusão social de milhares de brasileiros. E era preciso divulgar esta boa nova para população. Foi a partir daí que começou de verdade o desenvolvimento industrial no Brasil. Tudo era muito novo, assim como o trabalho do jornalista que passaria a cobrir estes primeiros movimentos que mudaram para sempre o retrato do Brasil. Surgiu, então, o profissional de imprensa que se especializaria na cobertura de um setor que estava nascendo. Da mesma forma, mas do outro lado do balcão, os fabricantes estruturavam seus respectivos departamentos de comunicação, para estabeleceram a ligação entre os veículos, jornais, rádios e revistas com as fábricas.

Historia

O primeiro carro produzido no Brasil foi o DKW, produzido pela Vemag, sob a licença da Auto Union. Após o DKW, vários carros começaram a surgir e grandes fabricantes passaram a se instalar aqui de vez, com o objetivo de não apenas montar, mas fabricar os carros. Como no caso da Volkswagen, que em 1957 lançou a Kombi 1.200 com selo “Made in Brasil”. A chegada dos carros da DKW e da Volks teve outro papel importante na história: com eles, o Brasil passou a se alinhar com o mercado europeu, deixando de lado os modelos americanos.

Memória preservada

As fábricas de automóveis com grandes investimentos, geração de emprego e renda representam (ainda hoje) um verdadeiro divisor de águas para economia do país. O automóvel para o brasileiro sempre foi, é, e sempre será um objeto de desejo, verdadeira paixão nacional. Maior exemplo são os inúmeros clubes que reúnem aficionados por determinada marca ou tipo de carro, que se encontram sempre manter viva a história. E é dentro destro deste contexto que surge o MIAU, que passará a ser alimentado de forma que a história da imprensa especializada possa permanecer viva na memória de todos que por ali passarem para uma visita.  “O homem permanece vivo quando sua memoria é preservada”, uma frase de efeito que tem muito de verdade. E o MIAU está ai para provar. (RC)