O assunto é polêmico, por isso não poderia deixar de causar repercussão. Estamos há três semanas usando este espaço do Intercâmbio para debater sobre o processo para obtenção primeiro, da permissão para conduzir automóveis e, depois, da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Para refrescar a memória do (a) amigo (a) leitor (a), tudo começou depois de contar aqui os “apuros de Janaína”, uma jovem que encontrou dificuldades para superar algo que deveria ser bem mais sereno – tirar a tão sonhada carteira de motorista. Na sequência, o leitor Abner Bragança nos enviou um e-mail nos contando sobre como em países desenvolvidos, como nos Estados Unidos, o cidadão tem acesso à licença para dirigir. Hoje, encerrando a celeuma, abrimos novamente o espaço, dessa vez para Gláucio Macedo, outro leitor do Super Motor, que é empresário e proprietário de autoescola e que em outra oportunidade também já manifestou seu ponto de vista.
Com a palavra, Macedo. “Venho acompanhando a coluna (Intercâmbio) sobre o processo de habilitação e gostaria de deixar minha opinião, pois sou proprietário de autoescola e especialista no setor. Primeiramente, esse estresse que gera o momento do exame de direção é decorrente de nossa educação desde novos. Não somos acostumados a realizar testes práticos, e não somos educados no decorrer de nossas vidas com testes assim. Na maioria das vezes, fazemos provas escritas, portanto, nos momentos raros que somos analisados na prática, passamos por situações adversas, que podem nos levar ao limite mental e físico”, opina Macedo.
E ele prossegue: “Outro ponto crucial é a preparação para realização dos exames de direção. Atualmente, o aluno precisa fazer cinco aulas no simulador e, no mínimo, 20 aulas de prática de direção. A maioria dos alunos, quando finaliza o processo das aulas práticas, querem agendar seu exame de direção. Ao fim da carga horária obrigatória, damos um feedback geral para o aluno informando sobre os pontos positivos e os pontos a desenvolver. No entanto, mesmo advertindo que ele precisa treinar mais, se o aluno optar por agendar o exame não podemos impedi-lo. Portanto, na maioria das vezes, é necessário fazer mais aulas, praticar mais para aprender mais e também ficar preparado para o exame de rua. Na realidade, isso não acontece”, revela.
O problema, segundo Macedo, esbarra na questão financeira. “O aluno sempre fala que não tem mais dinheiro. Mas precisamos lembrar que tirar a Permissão para Dirigir é investimento. Nossa cultura brasileira é diferente de outros países. Os índices de mortalidade no trânsito são altos. Frequentemente, vemos alunos na sala de legislação que não dão a devida importância às leis. O Código de Trânsito Brasileiro nos ensina quais são nossos direitos e deveres, e quanto mais conhecimento, maior a responsabilidade. O trânsito brasileiro é violento, muitas pessoas morrem anualmente por acidentes. O principal motivo é a imprudência em que o condutor desrespeita as leis de trânsito colocando em risco sua vida e a dos outros a sua volta”, reflete o dono de autoescola. Para Macedo, é preciso investir em conscientização e educação no trânsito para ter pessoas mais preparadas para conduzir um veículo.
Ainda na opinião dele, o processo de habilitação no Brasil possui várias fases em decorrência da nossa cultura. “Peço a todos os condutores de veículos conscientização, educação e responsabilidade em conduzir um veículo para que possamos ter um trânsito melhor”, finaliza.