A história judaico-cristã possui, como sabemos, uma vasta e complexa literatura apocalíptica. De fato, existem várias obras divinas que tratam da fase escatológica do homem, e a maioria delas está, sobretudo, vinculada aos valores éticos, morais e espirituais do cristianismo primitivo. Etimologicamente, a palavra “apocalipse” vem do grego “apokálypsis” e significa, no universo religioso, “revelação”, “desvendar” ou “descobrir”. O termo “apocalipse”, além disso, pode ainda significar, na pós-modernidade, “cataclismo”, “desastre”, bem como “hecatombe”.

É nesse contexto teológico que podemos enquadrar, sem dúvida, o “Apocalipse de Pedro”, também conhecido como a “Revelação de Pedro”. Conforme alguns historiadores, o “Apocalipse de Simão Pedro” foi descoberto, em 1886, numa necrópole de Akhmim, no Egito. Além disso, foi aferido, nessa mesma época, que esse pergaminho possui duas versões linguísticas originais, ou seja, uma em grego koiné e outra em etiópico.

Não podemos olvidar, ainda, quea “Revelação de Cefas” teve, recentemente, a sua autenticidade confirmada pela comunidade científica internacional especializada no campo da papirologia e da grafologia. Por conseguinte, ficou devidamente comprovado que esse antigo manuscrito sagrado remonta ao século II d.C., bem como que ele pertence aos escritos cristãos considerados genuinamente de primeira geração. Apesar dessas confirmações científicas irrefutáveis, as igrejas católica, evangélica e protestante continuam, intolerantemente, qualificando esse pergaminho de autoria do primeiro santo papa como apócrifo.

Não obstante ser, de fato, caracterizada como apócrifa, essa obra trata, na verdade, de uma importante revelação do Cristo ressurreto feita diretamente ao apóstolo “Petrus”, o qual relata à humanidade um conjunto de acontecimentos proféticos relacionados com o céu e o inferno que atingirão o povo de Deus. Ademais, esse texto sui generis e poliglótico também possui uma forte conotação ética e moral, que descreve, principalmente, o destino espiritual que será dado à raça humana após a sua vida terrena. Assim, esse discípulo do Messias fala claramente sobre as virtudes daqueles que conquistaram o reino dos céus, bem como descreve as inúmeras punições atribuídas aos pecadores que foram condenados ao inferno.

Apesar das punições divinas, essa obra apocalíptica ensina-nos que os espíritos pecadores, que estão sofrendo no inferno, serão salvos em virtude da misericórdia infinita de Deus, vejam: “Meu Pai dará a eles toda a vida, a glória e o reino eterno” (Ap Pe). Coerentemente, os evangelhos canônicos também afirmam que o próprio Cristo, piedosamente, desceu ao inferno, pregou e levou esperança de salvação aos mortos condenados, observem: “Porque por isto foi pregado o evangelho também aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito” (1Pe 4:6).