SABORES DO MUNDO

Cuba quase “libre”

Redação O Tempo

Por Renato Quintino
Publicado em 10 de setembro de 2016 | 03:00
 
 
Restaurante Mirador, em Vedado, serve um ótimo daiquiri, um dos mais famosos drinques de Cuba Joana Suarez

A transição do comunismo para o capitalismo não é fácil, como atesta o excelente livro “O Último Homem Soviético”, de Svetlana Alekievitch, ganhadora do prêmio Nobel de Literatura do ano passado. O ritmo do dia a dia e os valores são outros, e mudar hábitos e estilo de vida leva décadas, como também é perceptível hoje em Cuba, assim como em Berlim, cidade ainda em reconstrução.

Cuba em transformação atrai, atualmente, um enorme fluxo de turismo. No cenário de restaurantes, com a introdução da propriedade privada e com o aumento do turismo, a novidade para os cubanos é ter que fazer reserva para jantar fora em seus restaurantes favoritos. De qualquer forma, as opções são muitas. Desde 2011, surgiram centenas deles no país, contemplando estilos gastronômicos diversos, como os especializados em frutos do mar, cozinha espanhola e japonesa.

Dois pesos

Embora o governo tenha abrandado as restrições para os restaurantes próprios, que são chamados de “paladares”, muitas delas continuam, como a limitação de 50 lugares e o uso de duas moedas – o peso cubano convertível (CUC), para os clientes, e o peso local (CUP), utilizado para pagar salários e comprar insumos. Aliás, na ausência de um mercado atacadista e, consequentemente, na escassez de produtos, adquiri-los requer uma caçada por todo o país.

Enquanto as cafeterias do Estado têm ainda um quê ultrapassado, os “paladares” se assemelham ao cosmopolitismo dos grandes centros urbanos, com estudantes universitários entusiasmados fazendo o serviço de mesa, trazendo novidades como carta de vinhos harmonizados, menus vegetarianos e aplicativos para a avaliação dos restaurantes, a exemplo do AlaMesaCub, uma boa referência para quem quiser decidir onde comer num país em que a maior parte dos restaurantes é nova.