Essa frase que escolhi para o título era comum em Diamantina, quando lá morei. As pessoas que se visitavam costumavam falar assim quando se despediam. Sempre entendi que essa era uma maneira muito carinhosa de dizer que sairiam, mas a qualquer hora poderiam ou gostariam de voltar. Aliás, por falar em Diamantina, foi lá que conheci minha grande amiga Corinha, que há dias foi para o céu... Quanta saudade!
Neste mês de maio faz 15 anos que escrevo em O TEMPO, mercê da acolhida generosa dos proprietários e da editoria de Opinião, além dos sempre gentis funcionários, que me explicavam como proceder nesta ou naquela situação e, até mesmo, claro, dos entregadores do jornal onde quer que eu solicitasse que me fosse enviado.
Quanto aos leitores, tenho-os em quantidade e qualidade a fazer-me eternamente honrada e muitíssimo grata, misturados de vez em quando àqueles que têm posição e ideias diametralmente opostas às que professo, razão por que recebi muito “puxão de orelha” e até desaforos. A alguns respondi quando vi que se tratava ou que pudesse tratar-se de mera incompreensão. A outros, pedi, encarecidamente, que não lessem meus artigos para não fazerem mal a si mesmos e para não me causarem o desconforto de ler o que reclamavam.
Ultimamente, no clima de ódio que se instalou no país – e que não é tão diferente assim do que ocorre no resto do mundo, a discordância subiu tantos decibéis que passaram a me incomodar. Por essa razão, amadureci a ideia de deixar de escrever. Posso usar blogs e confio na paciência do editor Victor de Almeida para, eventualmente, publicar texto sobre assunto que possa ser interessante. Como neste momento da vida nacional, em relação à decisão do capitão de diminuir as verbas, já tão precárias, da área de ciências humanas.
Sou formada em direito, com mestrado em ciência política, e lecionei sociologia anos e anos. Foi, porém, graças ao esforço autodidata em estudar filosofia que consegui colocar no lugar as informações de que dispunha para oferecê-las aos milhares de alunos que tive na UFMG, na PUC Coração Eucarístico e na PUC Contagem, e, juntos, aprendermos a entender melhor o mundo a que pertencemos. Recordo, inclusive, que os pré-socráticos, que se dedicavam a entender a natureza e a formação do universo, até esses eram “filósofos”. Portanto, mesmo a boa prática das chamadas “ciências exatas e da natureza” não prescinde de conhecimentos ligados ao comportamento humano, como inaugurou Sócrates e continuaram Aristóteles, Platão, santo Agostinho, são Tomás de Aquino até chegar a Rousseau, Hobbes, Locke e Marx... Gramsci também não faz mal conhecer, como não faz estudar Weber, Popper ou Mannheim. O saber não ocupa lugar e não prejudica ninguém.
O mal está em encher a cabeça de sandices e sair por aí tuitando bizarrices à luz de ensinamentos de astrólogos travestidos de filósofos. Então, por falta de adeus, amigos, até logo!