A vacinação contra a Covid-19 em alguns países começou nesta semana. Aqui, no Brasil, a imunização contra o vírus que já matou mais de 1 milhão de pessoas no planeta, além de não ter começado, ainda está rodeada de incertezas e impasses sobre quando vai começar e como vai ser esse processo.


Lendo as notícias das pessoas que já receberam a dose da vacina e refletindo sobre quão distante eu e as pessoas que amo ainda estão dessa realidade, me vem uma sensação que, felizmente, não costumo sentir: a de ser excluída.

É estranho pensar que não faço parte de algo de qual gostaria de fazer e que, ao mesmo tempo, não depende de mim me encaixar ou não nesse processo. Alguns têm; outros, não. E, desta vez, eu “tô” fora.

Fazendo um paralelo sobre o que costumo escrever aqui, talvez esse momento seja oportuno para refletirmos sobre a importância dos conceitos de inclusão e exclusão para a garantia dos direitos das pessoas que necessitam de acessibilidade em nossa sociedade.
Estar incluído significa ter os direitos garantidos igualmente a todos os membros de uma sociedade. É ter a certeza de que as nossas necessidades serão contempladas independentemente de nossas características. O contrário disso significa exclusão. 

Infelizmente, assim como é o caso da vacina, o conceito de inclusão ainda parece estar longe de ser uma realidade plena e possível a todos, pelo menos, aqui no Brasil. 

Por aqui, há exclusão quando falamos de falta de preparos para educação especial; de atendimento especializado na saúde para pessoas com deficiência; na falta de opções de lazer e esporte acessível, na comunicação audiovisual sem recursos de Libras e audiodescrição; nas vias públicas sem rampas, pisos podotáteis, corrimãos e elevadores; no transporte sem adequações e em vários outros segmentos que encheriam essa coluna apenas com exemplos do que deveria ser e, infelizmente, não é.

Ao contrário da vacina contra o coronavírus, que muitas pessoas estão expondo suas opiniões e vontades sobre querer ou não receber o imunizante quando ele chegar ao país, muitos desses serviços listados acima fazem parte de uma coisa ainda maior, chamada direito e que, por lei, deveriam ser aplicados a todos.

Para muitos, pode ser difícil associar vacina à falta de cumprimento de direitos básicos. Mas, ao querer, e não ter direito à imunização, comecei a sentir na pele o que milhões de pessoas ao redor do mundo sentem. Não cabe a mim, mas vou lutar para que a exclusão não seja uma realidade tão presente em nosso meio.