FESTIVAL

Temporada quente para as artes

Teatro, dança, música, cinema, literatura, arquitetura e artes visuais, o Verão de Arte Contemporânea chega à 11ª edição superando os desafios do enxugamento

PUBLICADO EM 21/01/17 - 02h00
“Colaborativismo” e compartilhamento são os conceitos que norteiam mais um Verão Arte Contemporânea, o VAC, cuja programação segue em cartaz até 19 de fevereiro. Marcada pelo enxugamento nos patrocínios – e, consequentemente, por um corte no orçamento – a 11ª edição, explicam os organizadores Ione de Medeiros e Jonnatha Horta, do Grupo Oficcina Multimédia, encontrou nas parcerias uma via para seguir oferecendo uma agenda atraente, pautada pela pesquisa e experimentação, e que já se tornou tradicional no calendário cultural de BH. 
 
Ocupando 15 espaços, a nova edição do VAC aposta suas fichas em 31 atrações, entre produções locais ou oriundas de estados como Rio de Janeiro, Espírito Santo e Piauí – além de um convidado da França. “Priorizamos o frescor das atrações. Tanto que não permitimos a repetição de espetáculos na programação e buscamos os que tenham entrado em cena há pouco tempo – quando não são estreias. O interesse do VAC é oferecer obras que falem do nosso tempo, do momento em que estamos vivendo”, explica Ione, lembrando que o festival sofreu um corte de 20% em sua verba. 
 
No entanto, mesmo sem contar com a gastronomia e o minissalão da Moda, o evento reitera sua ênfase na diversidade de linguagens, abarcando teatro, dança, música, cinema, literatura, arquitetura e artes visuais. 
 
Refugiados
 
Este ano, em consonância à discussão sobre o aumento da produção de refugiados no mundo (consequência dos conflitos em curso, de perseguições e violações dos direitos humanos), o VAC marca a chegada do projeto Casa Brasileira de Refúgio (C.A.B.R.A.) à cidade. Fruto de uma cooperação entre o International Cities of Refuge Network (Icorn), rede voltada aos refugiados, e a
Universidade Federal de Minas Gerais, a iniciativa visa montar, na capital mineira, a primeira casa-refúgio para artistas em situação de risco da América do Sul dentro de uma universidade. “Já são 60 casas no mundo. Isso mostra a solidariedade a artistas que foram cassados em sua liberdade de expressão. Nossa intenção é dar abrigo a eles”, destaca Elizabeth Dyzik, diretora do Icorn. 
Dentro do VAC, segundo a parceira Lúcia Castelo Branco, professora da UFMG, o C.A.B.R.A. será apresentado por meio de seminário e contará com a conferência de um escritor refugiado.
 
Sobre a grade de espetáculos, Jonnatha Horta afirma ser impossível destacar uma ou outra atração, mas faz o convite para que os lançamentos tenham atenção especial. Caso de “A Santa do Capital”, da Cóccix Companhia Teatral.
 
Baseada na obra “Santa Joana dos Matadouros”, de Bertolt Brecht, a peça propõe a discussão sobre a primazia do poder e do dinheiro. “Super simbólico que seja apresentada no Arquivo Público Mineiro, que já foi a primeira secretaria de finanças e até sede da Prefeitura da cidade. Discutimos o poder do capital, que se apropria de tudo: da fé, da fome, da arte. É um texto super atual”, comenta Cinara Teles, atriz da Cóccix. A peça estará em cartaz de 17 a 19 de fevereiro, às 20h.
 
 
Confira algumas estreias e lançamentos do VAC 2017
 
Tão Tá Luiza Brina e o Liquidificador lançam seu segundo disco, resultado de uma imersão de dois anos e meio no estúdio do produtor Chico Neves
Onde Teatro Bradesco Quando Domingo (29), às 20h Quanto R$ 20 (inteira)
 
O Encontro A artista urbana Luna Bastos, do Piauí, apresenta seu estilo marcado pela geometria em grafites, ilustrações e personagens negros
Onde Sesc Palladium Quando de terça (24) a 19 de fevereiro Quanto Gratuito 
 
As Araras A bailarina Dorothé Depeauw e Guilherme Morais trazem duas cabeças que se encontram e se confrontam com os seus movimentos
Onde CCBB BH Quando de 17 a 19 de fevereiro, às 20h Quanto R$ 20 (inteira) 
 
 
VAC 2017
 
Até 19 de fevereiro. Locais e preços variados. Confira a programação e informações completas em 2017.veraoarte.com.br